sexta-feira, 9 de março de 2012

Trabalho de Conclusão do Curso Licenciatura em História

LUIZ ERNANI PEREIRA DE FARIA


LUTAS E CONQUISTAS DOS MOVIMENTOS INCLUSIVOS DA DÉCADA DE 80 DO DEFICIENTE VISUAL E O REFLEXO NA SOCIEDADE GLOBALIZADA



UNICASTELO São Paulo
2011


LUIZ ERNANI PEREIRA DE FARIA


LUTAS E CONQUISTAS DOS MOVIMENTOS INCLUSIVOS DA DÉCADA DE 80 DO DEFICIENTE VISUAL E O REFLEXO NA SOCIEDADE GLOBALIZADA





UNICASTELO São Paulo
2011
LUTAS E CONQUISTAS DOS MOVIMENTOS INCLUSIVOS DA DÉCADA DE 80 DO DEFICIENTE VISUAL E O REFLEXO NA SOCIEDADE GLOBALIZADA

Luiz Ernani Pereira de Faria

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo mostrar as lutas e as conquistas dos direitos dos deficientes visuais na década de 80, garantindo a sua inclusão na sociedade brasileira da época e seus reflexos na sociedade brasileira contemporânea, globalizada. Elas mostram a união dos deficientes visuais buscando seu direito à educação, ao mercado de trabalho e ao mundo digital, globalizado, sendo capazes de falar e decidir por si mesmas sobre suas necessidades. Apesar dos avanços nas lutas e nas novas tecnologias para a inclusão do deficiente visual, ainda há barreiras sociais, econômicas, legais e culturais para que esta ocorra plenamente.
Palavras-chave : Movimentos inclusivos.Deficiente visual.Sociedade globalizada.


1 INTRODUÇÃO


A inclusão das pessoas com deficiência visual está associada aos seus movimentos de lutas sociais. No Brasil esses movimentos surgem e se organizam a partir de 1980. Estes nos revelam como foram tratados nas sociedades em que viveram e as suas consecutivas maneiras de serem vistos. Faremos aqui uma breve apresentação da luta dos direitos destas pessoas perante a sociedade brasileira para serem aceitas e compreendidas, bem como o seu acesso à sociedade atual, ou seja, a sociedade da informação, globalizada, fundamentada no avanço tecnológico.
Na tentativa de compreender/conhecer quem é o deficiente, vários autores analisam historicamente os indivíduos com deficiência e como têm sido sua atuação e inclusão na sociedade. Da eliminação na Antigüidade, passando pela tolerância cristã, até a consideração de cidadãos com os mesmos direitos na atualidade, houve uma infinidade de termos para designar tais pessoas, porém, pouco se avançou na superação de preconceitos e estigmas historicamente enraizados.
Na antiguidade, as pessoas com deficiência mental, física e sensorial eram apresentadas como aleijadas, mal constituídas, fracas, anormais ou vergonhosas. Muito da população ignorante olhava o nascimento dessas como um castigo de Deus, e aqueles que eram supersticiosos as enxergavam dotadas de poderes especiais de feiticeiros ou de bruxos. Percebemos então, como depravação da raça humana, o período em que predominava o princípio da eugenia, ou seja, dos métodos que visavam melhorar o patrimônio genético de grupos humanos, onde estes deficientes eram excluídos e completamente abandonados ou eliminados.
A história do deficiente visual não foge a regra, mas seus conceitos foram passando por transformações sucessivas, conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorrem em diferentes momentos históricos da humanidade.
Veremos então como se deu esse processo de inclusão das pessoas portadoras de deficiência visual, suas lutas e conquistas no começo, através de movimentos internacionais e nacionais, para podermos entender melhor como esse veio a acontecer, buscando garantir perante a legislação vigente os direitos legais desses portadores visuais, visando uma melhor e maior participação ativa na sociedade em que vivemos, e fazer com que esses sejam orientados e usufruam dos meios de comunicações sociais que lhe são disponíveis numa sociedade da informação, globalizada.
2 Lutas e conquistas no processo de inclusão das pessoas com deficiência visual e sua situação hoje na sociedade globalizada

A luta pela mobilização das pessoas deficientes, incluindo os deficientes visuais, e suas reivindicações é fato marcante na história do nosso país. Por demasiado longo tempo, essas pessoas vinham sendo tratadas como se fossem incapazes de falar ou decidir por si mesmas sobre suas necessidades ou como se elas não tivessem a coragem de denunciar publicamente injustiças a que vinham sendo submetidas a título de constituírem apenas uma minoria dentro da população geral. Luta que antes era dos pais desses deficientes, que buscavam um espaço para eles perante a sociedade, pois suas questões estavam ligadas somente perante a religião ou a medicina, onde os religiosos e os profissionais da saúde eram seus porta–vozes.
A história do movimento de pessoas com deficiência visual no Brasil contém uma enorme quantidade de fatos, realizações, frustrações, sucessos e fracassos, e, sobretudo muitas lutas, muitas horas de trabalho duro e muitos objetivos atingidos e por atingir. A legislação brasileira, até a década de 1980, tinha um caráter basicamente assistencialista e paternalista, ratificando a visão e a prática com as quais geralmente vinham sendo tratadas as questões envolvendo as pessoas portadoras de deficiência visual.
No Brasil começaram a surgir alguns movimentos de luta que buscavam se organizar para fazer valer seus direitos sociais no início de 1980-1981, período este que coincide com o início da abertura política que permitiu o debate de vários temas e a organização de diversos setores da comunidade. Os movimentos sociais, antes silenciados pelo autoritarismo, ressurgiram como forças políticas. Vários setores da sociedade gritaram com sede e com fome de participação: negros, mulheres, índios, trabalhadores, sem-teto, sem-terra e, também, as pessoas com deficiência visual. Esse processo se reflete na Constituição Federal promulgada em 1988. A Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), envolvida no espírito dos novos movimentos sociais, foi a mais democrática da história do Brasil, com canais abertos e legítimos de participação popular. Os novos movimentos sociais, dentre os quais o movimento político das pessoas com deficiência visual saiu do anonimato, uniram esforços, formaram novas organizações, articularam-se nacionalmente e criaram estratégias de luta para reivindicar igualdade de oportunidades e garantias de direitos (LANNA JÚNIOR, 2010)


No início da década de 1980, esses movimentos eram politicamente contrários ao caráter de caridade que marcou historicamente as ações voltadas para esse público. Estava em jogo a necessidade, por muito tempo reprimida das pessoas com deficiência visual serem protagonistas na condução das suas próprias vidas.
Em 1980 em Brasília realiza-se o Primeiro Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes, com cerca de cem mil participantes, em que foram traçadas as estratégias do movimento em âmbito nacional e surgiu a Coalizão Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes. Esse vem se expandir internacionalmente, filiando cegos á União Mundial de Cegos (UMC) e à União Latino-Americano de Cegos (Ulac). A organização desses movimentos vem sendo travada para que sejam reconhecidos e atendidos seus direitos, sendo que entre esses foi conquistado o direito à educação, amparada sobre as Leis de Diretrizes de Base (LDB) Lei nº 9.394/96 e pela Constituição Federal de 1988 (OLIVEIRA et alli ,2010).
Outro fator relevante foi a decisão da ONU de proclamar em 1981 como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes (AIPD), sob o tema “Participação Plena e Igualdade”. O advento do AIPD colocou as pessoas com deficiência no centro das discussões, no mundo e também no Brasil (LANNA JÚNIOR, 2010).
Segundo Lanna Junior (2010), em alguns estados, reuniões foram sendo organizadas, sobretudo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, para que fossem criadas metas nacionais para os movimentos, que foram se organizando em associações, constituídas de seus respectivos representantes. Ao se organizarem como movimento social, as pessoas com deficiência visual buscavam o amadurecimento de suas demandas para aumentar o potencial de suas reivindicações, além de fazer nascer o sentimento de pertencimento a um grupo, a consciência de que os problemas eram coletivos, e, portanto, as batalhas e as conquistas deveriam visar ao espaço público. Essa organização era composta por pessoas deficientes em sua maioria, vinculadas numa luta de todos para todos, numa perspectiva de direitos humanos para todos, que vem ser alcançada no século XX.
Segundo o ultimo Censo do IBGE há hoje no Brasil mais de 17 milhões de pessoas com deficiência visual. No dia 13 de dezembro é comemorado o Dia Nacional do Cego, por meio do Decreto nº 51.405/61, publicado no Diário Oficial da União em 26 de julho de 1961, Um dia que marca a luta pela inclusão e pelos direitos dessas pessoas.
Esta data foi criada em decorrência da necessidade de incentivar a solidariedade, mundialmente estabelecida no princípio da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que preserva o direito fundamental de igualdade e solidariedade entre todos dentro da mesma sociedade (SOUZA, 2008).
Mas as lutas desses movimentos apesar de muito avanço continuam presentes nos dias atuais, na sociedade da informação, da globalização. Este novo modelo de organização das sociedades assenta num modo de desenvolvimento social e econômico onde a informação, como meio de criação de conhecimento, desempenha um papel fundamental na produção de riqueza e na contribuição para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos, sem discriminação e distinção em qualquer nível.
Os séculos XX e XXI trouxeram muitos avanços importantes para as pessoas com deficiência visual, sobretudo com relação às novas tecnologias que surgem neste mundo globalizado. No mundo das tecnologias da informação e da comunicação não é possível ainda a idéia de que as pessoas com deficiência visual possam ser consideradas, como noutros tempos, objetos das políticas de assistência social. Hoje graças às mudanças tecnológicas verificadas nas últimas duas décadas, no que diz respeito à globalização da economia e das atividades humanas, as pessoas devem ser vistas como seres humanos, capazes de exercer seus direitos políticos, civis, sociais, culturais e econômicos (PIMENTEL, 2011).
Hoje encontramos pessoas com deficiência visual trabalhando, estudando, se divertindo, da mesma forma que as pessoas que não têm a deficiência (SOUZA, 2008). Fatores como programas e políticas públicas de inclusão digital podem contribuir com a redução da exclusão social, além de uma mudança na maneira da sociedade encarar os deficientes visuais e a evolução dos recursos assistivos. Os recursos assistivos que tem sido utilizado na inclusão dos deficientes visuais são produtos, instrumentos, estratégias, serviços e práticas, especialmente produzidos ou geralmente disponíveis, para prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar a deficiência, incapacidade ou desvantagem, melhorando a autonomia e a qualidade de vida (SILVA, 2010).
A alta tecnologia, um destes recursos assistivos, tem sido uma grande aliada dos cegos. A noção de acesso universal promovida por esta alta tecnologia é a possibilidade para todos os cidadãos do planeta, qualquer que seja seu grau de competência e habilidade digital e sua situação geográfica e socioeconômica, de criar e utilizar de forma autônoma ou por meio de mediação as redes de comunicação e informação e assim buscar, encontrar e introduzir na internet informações úteis para as suas necessidades e expectativas. Portanto, soluções como, por exemplo, um software que lê um site, muito mais do que proporcionar a inclusão digital, promovem a inclusão do deficiente visual na sociedade. A escrita digital, graças a esta tecnologia da sociedade da informação, por meio do computador, dá oportunidade para este deficiente de compartilhar do mesmo signo das pessoas que enxergam, nos processos de comunicação, garantindo-lhe o acesso ao conhecimento.
Para o deficiente visual o computador é utilizado de uma forma especial e todos os avisos são realizados por meio de efeitos sonoros. Um deles, instalado nele, permite que as mensagens enviadas, por e-mail, sejam convertidas em áudio, para que ele consiga ouvi-las e respondê-las. Para o jovem a tecnologia pode ajudar a abrir portas, pois saber mexer em computador é requisito básico para ter um bom emprego (SOUZA, 2008).
Com o desenvolvimento e o acesso da informática, o desejo dos deficientes visuais por oportunidade de trabalho foi conquistado através da Lei de Cotas (n° 8.213) para Deficientes nas Empresas, que desde 1991 está em vigor no Brasil e determina que todas as empresas brasileiras com mais de cem funcionários devem ter de 2% a 5% de deficientes contratados no seu quadro de funcionários. Apesar deste sistema estar carregado da antiga visão assistencialista, da capacidade laborativa reduzida e falta de noção sobre cidadania, em nossa sociedade ele ainda é necessário para que as pessoas apostem nestes profissionais, descobrindo o seu potencial, diminuindo barreiras.
Infelizmente, a média brasileira de cumprimento da Lei é hoje de 15%, pois na maioria das vezes as empresas encontram dificuldades para cumprir esta lei, afinal nem todos os candidatos possuem o nível de formação que atenda as exigências de qualificação das vagas, pois 18% das 24,6 milhões de pessoas com deficiência têm até sete anos de estudo. O investimento em educação para as pessoas com deficiência visual tem sido bem maior do que anos atrás, onde estes deficientes não eram inseridos nas escolas regulares e muito menos cogitados para o trabalho, antes eram encaminhados para alguma atividade ocupacional. Através dos movimentos de luta por direitos, na criação de leis favoráveis e da revolução tecnológica, esta realidade passou por uma expressiva transformação, onde os deficientes visuais passaram a ser atendidos nas escolas regulares com professores especializados, bem como inseridos no mercado de trabalho. Entretanto, o descaso ou a pouca importância atribuída à Educação Especial e às investigações nessa área, revelam por parte dos educadores em geral total falta de conhecimento e preparo, e consequentemente dificulta a entrada destes no mercado de trabalho, reduzindo a sua formação educacional e profissional.
Por outro lado, atualmente é possível encontrar em diversos locais, do Brasil, livros em Braille ou em áudio para a apropriação do conhecimento e da cultura. A Fundação Dorina Nowill, pioneira no desenvolvimento de livros digitais e acessíveis em língua portuguesa, por exemplo, já distribuiu 30 mil exemplares. Na cidade de São Paulo, outro ótimo exemplo é a biblioteca pública Louis Braille, do Centro Cultural São Paulo. O espaço da biblioteca foi totalmente equipado para atender às necessidades das pessoas com deficiência visual, com livros e computadores adaptados (SOUZA, 2008).

Outro recurso tecnológico é a audiodescrição, que vem ampliar o entendimento e a acessibilidade às pessoas com deficiência visual na sociedade, permitindo que participem mais ativamente de eventos culturais gravados ou ao vivo, tais como: teatro, museu, óperas, TV, cinema, congressos, palestras, salas de aula entre outros, contribuindo com sua formação educacional e cultural. Ela consiste na descrição clara por meio de uma informação sonora, contar pormenorizadamente as imagens ou cenas de cunho visual, promovendo a acessibilidade da comunicação e à informação do deficiente visual. Esse vem receber a imagem e captar a sua narrativa de forma que possa enxergar detalhadamente os sons. Recursos criados através de uma tecnologia de ponta também são utilizados na inclusão dos deficientes visuais, como o Adevise News, um jornal sergipano em áudio, que traz novidades sobre políticas públicas e novas tecnologias de mercado; o celular para cegos, feito pela Samsung, que tem as suas teclas gravadas em Braille; o software Seescan, que permite reconhecer os objetos ao aproximar o telefone deles e as pulseiras com GPS que permitem orientar o caminho a ser feito, como direita, esquerda, além de alertar os lugares perigosos de percorrer.
Entretanto, apesar de tantos recursos disponíveis, deparamo-nos ainda com barreiras, preconceitos, diferenças sociais e a falta de informação e preparo de profissionais para lidar com esse público. Apesar de todo avanço tecnológico ser um fator determinante, quanto ao uso e ao acesso aos meios de comunicação digital, ainda há a dificuldade na interatividade dos deficientes visuais com as novas tecnologias da informação. Portanto, há necessidade de estabelecer políticas públicas para fortalecer os mecanismos de acesso à sociedade da informação, digital, para que estes deficientes sejam incluídos, diminuindo as desigualdades sociais e o acesso ao conhecimento.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão do deficiente visual no Brasil está associada aos movimentos de lutas por direitos que se iniciaram na década de 80, deixando de serem vistos como incapazes de opinar sobre seu próprio caminho, suas próprias necessidades, alcançando oportunidades e garantia de direitos, como a inserção na rede regular de ensino, no mercado de trabalho e tendo acesso à informação digital.
Ao se organizarem como movimento social, as pessoas com deficiência visual começaram a se perceber como pertencentes a um grupo, com problemas e dificuldades comuns a serem superados, aumentando assim o potencial de suas reivindicações por direitos, inclusão e justiça visando o espaço público.
As mudanças tecnológicas verificadas nas últimas duas décadas no que diz respeito à globalização da economia, das atividades e concepções humanas, mostram que o deficiente visual não tem mais como ser visto como objeto de assistencialismo, de paternalismo.
A utilização do computador e da internet aliada a ferramentas de tecnologias assistivas, a conteúdos para internet acessíveis juntamente com as competências em informação necessárias desenvolvidas para todo esse arsenal tecnológico, tornou-se imprescindível ao desenvolvimento do deficiente visual, formando pessoas capazes de viver plenamente sua cidadania, com direitos e deveres, possibilitando a sua inclusão social, cultural e profissional.
Os dispositivos legais e os avanços tecnológicos da atualidade por si só não asseguram o direito dos deficientes visuais. São necessárias ações afirmativas e políticas públicas que concretizem seus direitos por meio de investimentos, projetos e outras iniciativas de forma articulada e consistente, pois ainda prevalece o abismo entre leis generosas e sua falta de aplicação e os poucos avanços efetivos deram-se por pressão dos movimentos de lutas destes deficientes, que ainda lutam e sofrem com o preconceito, com a falta de profissionais qualificados para assisti-los, com a desigualdade social que não lhe garante uma formação educacional e profissional e não lhe dá acesso aos avançadíssimos recursos tecnológicos.


REFERÊNCIAS


BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional - LDB 9394. Brasília:

CRESPO, Lia - Movimento pelos Direitos das Pessoas deficientes, São Paulo: Diário Oficial da União, nº 248 de 20/12/1996.

LANNA JÚNIOR, Mário Cléber Martins - História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. - Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2010.

OLIVEIRA, Romualdo Portela de et alli - Organização do Ensino no Brasil Níveis e modalidades na Constituição Federal e na LDB. São Paulo: Edição Revista e Ampliada, 2007.


PEREIRA, Nadja – Tecnologia para o Deficiente Visual- ,2010.


PIMENTEL, Maria das Graças - Inclusão Digital e Usuários com Deficiência Visual no DF: Estudo de Acessibilidade na Sociedade da Informação. < http://repositorio.bce.unb.br/handle/10482/8731>, 2011.

SILVA, Ana Carolina – Tecnologia Assistiva: Adaptações para o Uso do Computador em Sala de Aula - < http://www.slideshare.net/cpscetec/aula-paula-souza >,2010.

SOUZA, Bruna – A luta pela inclusão e pelos direitos dos cegos. < http://www.ressoar.org.br/dicas_inclusao_luta_cegos.asp>,2008.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A Proclamação da República

"A Proclamação da República não resultou de uma revolução, mas de um golpe militar. Isso não quer dizer que não tenha havido um conteúdo ideológico no golpe. Este, no entanto, foi produto da ação de homens pertencentes às classes média e alta, pequenos comerciantes, advogados, jornalistas, professores, médicos, alguns fazendeiros progressistas e oficiais do Exército que adotaram idéias republicanas, filiaram-se ao partido republicano e empenharam-se desde sua fundação, nos anos 70, em fazer críticas à Monarquia e propor em seu lugar um regime republicano. Apesar dos seus esforços, no entanto, a República resultou não de um movimento popular, mas de uma conspiração entre uma minoria de republicanos civis e militares.
Para se entender as razões que moveram esse punhado de homens a derrubar a Monarquia não basta referirmos a suas idéias republicanas. É preciso explicar por que essas idéias, presentes no Brasil antes mesmo da Independência, só então se concretizaram. Por que a Monarquia foi derrubada sem que ninguém pegasse em armas para defendê-la? As respostas a essas questões encontram-se na falta de flexibilidade e adaptabilidade do sistema político existente em face das mudanças profundas que ocorreram no país no decorrer do século XIX e o desgaste da Monarquia.
A Monarquia sempre fora uma anomalia na América. Todos os demais países adotaram o regime republicano por ocasião da Independência. Circunstâncias históricas excepcionais: a invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas e a transferência da Corte portuguesa para o Brasil em 18O8, a Revolução Constitucionalista do Porto, anos mais tarde, forçando a volta de D. João VI a Portugal, ficando em seu lugar o Príncipe D. Pedro fizeram com que o Brasil seguisse um caminho diverso dos demais países da América. Embora houvesse republicanos no Brasil, como demonstravam os movimentos em prol da Independência tais como a Inconfidência Mineira, a Revolução de 1817, e as sublevações que ocorreram mais tarde durante o período regencial, os monarquistas levaram a melhor e, com a ajuda do príncipe regente, instituíram o regime monárquico, que duraria até 1889.
Quando Pedro I renunciou à coroa e deixou o filho de cinco anos como seu sucessor, os políticos de então tiveram a oportunidade de estabelecer uma república, mas preferiram manter a Monarquia e governar em nome do jovem imperador. Quando este chegou aos 14 anos, no entanto, apressaram-se em conceder-lhe prematuramente maioridade, na expectativa de que sua presença na chefia do estado viesse a pôr fim à instabilidade política que existia no país. A partir de então, Pedro II tornou-se Imperador, embora o clima de insatisfação e faccionalismo continuassem. Somente a partir de 1848, com a derrota dos praieiros, a Monarquia se consolidou no país.
Criou-se um regime altamente centralizado, elitista, e oligárquico, um sistema bicameral, com um senado vitalício e uma câmara renovável periodicamente. O regime era pouco representativo. Apenas uma minoria possuía o direito de voto. Ficaram excluídos os escravos, as mulheres e a maioria dos trabalhadores e todos os que não possuíam renda mínima estabelecida por lei. As eleições eram indiretas, isto é, os votantes qualificados como tal escolhiam os eleitores e estes votavam nos candidatos. O resultado é que durante todo o Império o corpo eleitoral correspondia a uma porcentagem mínima da população. Além disso, a fraude eleitoral era generalizada. Pela carta constitucional outorgada por Pedro I após a dissolução da Assembléia Constituinte, o Imperador possuía o Poder Executivo e o Poder Moderador que além de outras atribuições permitia a ele interferir no Poder Legislativo, dissolvendo a câmara e convocando novas eleições. Dois partidos: o conservador e o liberal alternavam-se no poder, dependendo dos resultados eleitorais. Entretanto, quando o Imperador usava do Poder Moderador convocando novas eleições e estas resultavam na queda do partido que estava no poder e na vitória da oposição, os primeiros queixavam-se da interferência do Imperador. Através desse processo o Imperador atraiu muitos inimigos e a Monarquia desmoralizou-se.
A existência de um Conselho de Estado também vitalício e nomeado pelo imperador, com o objetivo de assessorá-lo em questões vitais para a nação, também criou resistências. Dessa forma, a organização política vigente no Império levava a um desgaste inevitável do imperador e da Monarquia. Já nos fins da década de 70 começaram os ataques ao regime e o partido republicano foi criado.
A Guerra com o Paraguai contribuiu ainda mais para desgastar o governo e irritar as forças armadas, que sofreram sérias perdas, sentiram o seu despreparo e se ressentiram da interferência dos políticos civis. O positivismo e o republicanismo cresceram entre os militares. Ao mesmo tempo, a interferência do governo na vida eclesiástica e religiosa, em virtude do direito que lhe fora conferido pela constituição, fez multiplicar os conflitos com a Igreja, base natural da Monarquia. Ao mesmo tempo, levas de imigrantes protestantes que chegavam ao país constituíam um desafio aos privilégios da Igreja Católica que até então monopolizava a educação, presidia os casamentos e controlava os cemitérios. Crescia o número daqueles que desejavam a separação entre Igreja e Estado. O número de descontentes aumentava.
O desenvolvimento econômico do país criava novas oportunidades de investimento na construção de estradas de ferro, nas indústrias, no comércio interno, no sistema bancário, nas companhias de seguros. No entanto, apesar das reformas eleitorais, a fraude eleitoral e a falta de representatividade continuavam. Estas somadas à vitaliciedade do Senado e ao Conselho de Estado garantiam a sobrevivência das oligarquias tradicionais dificultando a renovação dos grupos dominantes mantendo marginalizada a maioria das classes subalternas. O desequilíbrio entre o poder econômico e político e os conflitos de interesse entre as províncias alimentava o número dos que condenavam a excessiva centralização e almejavam a federação.
Foi dentro desse clima de descontentamento crescente que o movimento abolicionista e as idéias republicanas ganharam expressão política. Conquistada a abolição só restava dar o golpe final à Monarquia, que se revelou incapaz de realizar as reformas almejadas.
Proclamada à República aboliu-se a vitaliciedade do senado, eliminou-se o Conselho de Estado, decretou-se a separação da Igreja e do Estado, adotou-se o regime federativo e instituiu-se o sufrágio universal, excluindo, no entanto, as mulheres do direito de voto. Aboliram-se os títulos de nobreza. A família real foi exilada.
A fraude eleitoral e o domínio das oligarquias persistiram. Para muitos a República foi um desapontamento. "Essa não era a república de meus sonhos", expressão atribuída a um republicano, simboliza a situação em que se acharam todos aqueles que almejavam uma República mais inclusiva e democrática."
(Emília Viotti da Costa)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vida e Obra de Luís XIV





Ele foi o rei da beleza e do esplendor. Acreditava ter direito sagrado ao poder e, por isso, não o compartilhou com ninguém. É dele a frase: ""o Estado sou eu". Luís XIV, o rei Sol, é considerado o maior monarca francês.
Em seu governo, a opulência da corte foi elevada a níveis jamais vistos, surgindo o luxo como é conhecido até os dias de hoje.
Não por acaso, foi ele quem construiu o Palácio de Versalhes e o Palácio dos Inválidos, locais visitados por turistas do mundo inteiro.
Conheça a vida do maior governante absolutista da História nesta série. Nela, a Log On e o BIO. THE BIOGRAPHY CHANNEL apresentam trajetórias inspiradoras, dramáticas e reveladoras dos maiores ícones de todos os tempos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Política Indigenista

Introdução:

Ao Longo do tempo muito pouco se tem feito pela causa indígena brasileira, que luta junto ao governo pelos seus direitos para garantir suas terras. O maior problema para os povos indígenas hoje, é a ausência de políticas públicas e eficazes, é vergonhoso e decepcionante.

POLÍTICA INDIGENISTA E QUANDO SURGIU

É o conjunto de iniciativas adotadas, formuladas por diferentes esferas do Estado em relação as populações indígenas que habitam o seu território.
Esta vem a surgir como categoria histórica no século XX, no México em 1940 houve o primeiro encontro indigenista; e este vem a ser orientado pelo indigenismo, que é o conjunto que estabelece a partir do contato desses povos com a sociedade nacional.
No Brasil no Ano de 1967 é criado SPI* ( Serviço de Proteção aos Índios ) e assim foram criadas e fixadas diretrizes da política indigenista brasileira; entretanto este nem sempre veio a corresponder a ação indigenista, e em 1960 por corrupção veio a ser extinto e dando então lugar para a FUNAI em 05 de dezembro de 1967.
A partir de então em 1988 com a constituição são supridas diretrizes reconhecendo a política indigenista, os índios e suas organizações sociais e direitos originários sobre as terras que esses ocupam.
O índios ampliam sua cidadania já que buscam defender seus direitos e interesses, através das garantias de suas terras.
Hoje, portanto temos um quadro bastante complexo pelo qual a política indigenista oficial ( é formulada e executada pelo governo), tem sido implementada com parcerias estabelecidas entre os setores governamentais, as organizações indígenas e organizações não governamentais e missões religiosas.

1- Política indigenista é o conjunto de iniciativas adotadas pelo Estado em relação às populações indígenas que habitam seu território. É uma categoria histórica, surgida no século XX juntamente com o indigenismo, a partir do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México, em 1940. Neste congresso foram estabelecidos princípios e metas a serem transformadas em políticas pelos Estados americanos.

Chamamos de política indigenista as iniciativas formuladas pelas diferentes esferas do Estado brasileiro a respeito das populações indígenas. A política indigenista é orientada pelo indigenismo, conjunto de princípios estabelecidos a partir do contato dos povos indígenas com a sociedade nacional.
O regulamento baixado com a lei de criação do Serviço confirmado, com pequenas modificações, pelo Decreto n.º 9.214, de 15 de dezembro de 1911, fixou as linhas mestras da política indigenista brasileira.

Pela primeira vez era estatuído, como princípio de lei, o respeito às tribos indígenas como povos que tinham o direito de ser eles próprios, de professar suas crenças, de viver segundo o único modo que sabiam fazê-lo:aquele que aprenderam de seus antepassados e que só lentamente podia mudar.

Entretanto, a uma determinada política indigenista nem sempre correspondia uma conseqüente ação indigenista, e o SPI* acabou sendo extinto, nos anos 60, por problemas de corrupção, esbulhos de terras indígenas, etc.

Em substituição ao SPI, pela Lei nº 5371, de 5 de dezembro de 1967, foi instituída a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

A partir de então, a política indigenista se baseou nos seguintes princípios: Até 1988 a política indigenista brasileira estava centrada nas atividades voltadas à incorporação dos índios à comunhão nacional, princípio indigenista presente nas Constituições de 1934, 1946, 1967 e 1969. A Constituição de 1988 suprimiu essa diretriz, reconhecendo aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.

2- Os índios também ampliaram sua cidadania, já são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses. Assim, o principal objetivo da política indigenista hoje é a preservação das culturas indígenas, através da garantia de suas terras e o desenvolvimento de atividades educacionais e sanitárias.
4- A expressão "política indigenista" foi utilizada por muito tempo como sinônimo de toda e qualquer ação política governamental que tivesse as populações indígenas como objeto. As diversas mudanças assistidas no campo do indigenismo nos últimos anos, no entanto, exigem que estabeleçamos uma definição mais precisa e menos ambígua do que seja a política indigenista.
5- Numa segunda distinção, encontramos outros segmentos que interagem com os povos indígenas e que também como eles, têm aumentado sua participação na formulação e execução de políticas indigenistas, antes atribuídas exclusivamente ao Estado brasileiro. Nesse conjunto encontramos principalmente as organizações não-governamentais (ONGs).
1- Contemporaneamente, portanto, temos um quadro bastante complexo no qual a política indigenista oficial (formulada e executada pelo Estado), em muitos dos seus aspectos tem sido formulada e implementada, a partir de parcerias formais estabelecidas entre setores governamentais, organizações indígenas, organização não-governamentais e missões religiosas.
3 - Justificativa do Programa

Cabe ao Estado brasileiro, através da Fundação Nacional do Índio o efetivo cumprimento do Art. 231 da Constituição que trata da garantia dos direitos indígenas à terra, sua organização social, costumes, língua, crença e tradições. Hoje essas garantias se materializam no atendimento de uma população de 365.000 índios habitantes de 600 terras indígenas que ocupam quase 12% do território nacional, enfrentando em sua grande maioria uma acelerada e complexa transformação social no contexto do século vinte e um e tendo que buscar novas respostas para sua sobrevivência física e cultural, de forma a garantir às próximas gerações melhor qualidade de vida.
Temos como condição favorável para a implementação do programa em questão que o mesmo reflete o anseio de lideranças, professores e anciãos indígenas ouvidos durante os levantamentos e diagnósticos realizados no decorrer de 2001 e 2002 pela Coordenação Geral de Educação.
O principal fator desfavorável a ser enfrentado é que são muitas as comunidades indígenas em situação de fragilidade e risco social e estão espalhadas pelo vasto território nacional. Entretanto, tais dificuldades vêm sendo enfrentadas pela FUNAI, por meio do programa em questão.

4 - "A política do governo Lula para o setor indígena é vergonhosa e decepcionante", afirmou, durante a entrevista, Jecinaldo Cabral Saterê-Mawé, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab). Ele avaliou que o maior problema para os povos indígenas brasileiros, hoje, é a ausência de políticas públicas eficazes, o que se traduz, principalmente, na dificuldade do Poder Público em garantir o direito dos índios as suas terras. "Não se trata apenas de dificuldade para reconhecer e demarcar os territórios, mesmo depois de homologadas, as áreas sofrem todo o tipo de pressão. Por causa disso as populações indígenas não conseguem alcançar a sua sustentabilidade. O Estado está totalmente desorganizado para lidar com o problema".
Integracionismo não vingou

Não há notícia de grupos indígenas integrados à nossa sociedade. Todas as vezes que se tentou fazer isso, eles foram sub-integrados, ou melhor, marginalizados. A proposta dos Villas Bôas foi o contraponto dessa concepção integracionista. Os parques e reservas indígenas sempre tiveram como função servir de "refúgio" às populações indígenas pressionadas pelas frentes de penetração, que trazem a desagregação tribal e a disputa pela terra.

Apesar do longo histórico de proteção ao índio pelo marechal Rondon e com a implantação da política dos Villas Bôas - consolidada com a criação do Parque Indígena do Xingu, em 1961 -, surgiu outro modelo de política indigenista a partir de 1970. Desenvolvido com estreita vinculação às estratégias do governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-
1974), ele propunha a rápida integração do índio não só à sociedade, mas também à economia brasileira. O índio começava a ser visto como um entrave ao desenvolvimento e à segurança nacional.

Foi nesse período que a Funai (Fundação Nacional do Índio) passou a orientar suas ações em consonância com o Plano de Integração Nacional, o PIN. Com isso, as diretrizes da Funai passaram a ser duas: integrar o índio o mais rápido possível à economia de mercado e impedi-lo de se tornar um obstáculo à ocupação da Amazônia. Era o período do "milagre econômico".

A política do governo do general Ernesto Geisel (1974-1979) em relação ao índio não foi diferente. Ela visava a integrar e emancipar rapidamente o índio, promovendo, inclusive, a implantação de projetos de desenvolvimento econômico em suas terras.

Essa orientação integracionista não vingou, pelo menos oficialmente. As grandes demarcações de reservas indígenas consagraram a política dos Villas Bôas e já chegam a 12,49% do território nacional.
Luiz Ernani Pereira de Faria

http://www.mj.gov.br
http://www.terrabrasileira.net/indigena/
http://www.expedicaovillasboas.com.br/

A Revolução Inglesa

Introdução
A Revolução Inglesa do século XVII representou a primeira manifestação de crise do sistema da época moderna, identificado com o absolutismo. O poder monárquico, severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje. O processo começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a Revolução Gloriosa de 1688. As duas fazem parte de um mesmo processo revolucionário, daí a denominação de Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções Inglesas.
Esse movimento revolucionário criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando terreno para o avanço do capitalismo. Deve ser considerada a primeira revolução burguesa da história da Europa.

A Revolução Inglesa
A Grande Rebelião, A Revolução Puritana e a Guerra Civil são três expressões consagradas historicamente, sempre que se pensa na Revolução Inglesa do século XVII. Se a elas juntarmos a República Cromwell e a Restauração, estamos indicando os componentes básicos e as etapas percorridas por esta revolução. A Grande Rebelião (1640-1642) designa a revolta do Parlamento contra a Monarquia Absolutista, após uma disputa pela posse da soberania. A Revolução Puritana designa tanto os conflitos religiosos entre a Igreja Anglicana e a ideologia puritana – calvinista – quanto uma das bases intelectuais do processo revolucionário. A Guerra Civil (1642-1648) indica o confronto entre o Parlamento e a Monarquia. A República de Cromwell (1649-1658) indica o desdobramento lógico do processo, fruto da criação de um exército revolucionário (New Model Army), e do aparecimento da ideologia radical dos Niveladores (Levellers), que conduziu ao julgamento e execução do rei e à proclamação da República. A Restauração (1660), aponta para o encerramento e os limites da revolução.

As Transformações Econômicos – Sociais
Durante os séculos XV e XVI a Inglaterra passou por grandes e decisivas transformações econômicas. Passou a ter neste período, a maior indústria têxtil da Europa e a produzir mais de quatro quintos de todo o carvão do continente. A indústria têxtil, havia se espalhado pelas aldeias dando início ao chamado sistema de produção doméstica. Neste sistema, a técnica de produção permanece ainda artesanal, existindo já uma divisão (especialização) do trabalho e o capital dominou a produção. O carvão servia de base a toda uma série de indústrias, novas e velhas, que exigiam enormes somas de capital. As construções navais se desenvolviam rapidamente. No campo, o desenvolvimento capitalista, também era intenso, estimulado tanto pelos negócios de lã quanto pela criação de um mercado para os produtos agrícolas. Se o comércio era até bem pouco a única atividade econômica sob domínio do capital, agora também a indústria e a agricultura começavam a ser por ele dominadas. A partir de uma expansão do mercado interno e de uma crescente divisão do trabalho, havia se originado no interior de uma estrutura econômica ainda feudal um incipiente mais dinâmico núcleo capitalista.
As rápidas mudanças econômicas, de um lado, e a inflação de outro, provocaram uma grande redistribuição de renda de uma classe à outra e um intenso processo de mobilidade social. O que se passou na Inglaterra "nos fins do século XVI foi um deslocamento das riquezas da Igreja e da Coroa, e das pessoas muito ricas ou muito pobres, para as mãos da classe média alta".
As mudanças sociais que estavam transformando a sociedade inglesa da época tinham por base a terra, sua posse e seu uso. A propriedade da terra ainda a principal forma e fonte de riqueza, dava a quem a possuía prestígio social (status) e poder (político). Na Inglaterra, como de resto em todo continente, havia uma verdadeira compulsão, por parte da burguesia, para adquirir terras. Este fenômeno, ao invés de provocar uma refeudalização; acelerou a desintegração da propriedade e das relações feudais.
Na hierarquia social inglesa, a gentry formava uma nobreza de status mais do que de sangue. Seus membros, os gentlemen, eram proprietários de terras, mas muitos tinham suas origens e suas fortunas ligadas a outros setores que não a terra.
Acima da gentry, estavam os pares, a alta nobreza ou aristocracia. Grandes proprietários de terras, eram os únicos que ainda gozavam de privilégios legais.
Entre os camponeses, enquanto a camada mais rica dos pequenos e médios proprietários livres (yeomen) prosperou, a maioria, constituída de arrendatários e jornaleiros, caiu no pauperismo. Foram as principais vítimas do desenvolvimento econômico, do conhecido processo de cercamento das propriedades, uma vez iniciado, no século XVI, continuou de forma intermitente e espasmódica até meados do século XIX. Uma vez posto em movimento este processo contínuo de desarticulação da comunidade aldeã, que separava o camponês da terra, fez com que o país fosse o primeiro à não possuir, desde o século XIX, uma classe camponesa. Daí a razão do campesinato inglês ter deixado de ser desde muito cedo uma força política.
Nas cidades, existia de um lado, uma poderosa e rica burguesia mercantil e, de outro, um numeroso contingente de trabalhadores urbanos e também de deserdados. Na Inglaterra apenas uma pequena fração da burguesia, dependia dos monopólios e da proteção da Coroa para a realização de seus grandes lucros.

A Monarquia, o Parlamentarismo e a Reforma
Quando a dinastia Stuart subiu ao trono em 1603, recebeu como herança da dinastia anterior, Tudor (1485 – 1603), um Estado que, embora tivesse acompanhado o processo de centralização e fortalecimento do poder monárquico, havia fracassado na consecução dos três instrumentos básicos, necessários à sua plena efetivação: exército permanente, autonomia financeira e burocracia (corpo de funcionários dependentes do Estado e a ele fiéis). Os reis Stuart receberam também, um Parlamento ampliado em seu número e fortalecido em seu poder e uma Igreja Reformada, a Igreja Anglicana, incapaz de controlar e abrigar em seu seio os poucos católicos à direita e os numerosos puritanos à esquerda. Estes elementos negativos às pretensões absolutistas dos dois primeiros reis Stuart, Jaime I (1603 – 1625) e Carlos I (1625 – 1649), tiveram sua origem, nos reinado de Henrique VIII (159 – 1547) e Elisabeth I (1558 – 1603). Algumas razões e circunstâncias históricas explicam esta evolução particular da monarquia inglesa.
A ausência de um poderoso e permanente exército. Durante o reinado de Henrique VIII, a Inglaterra sofreu uma sucessão de desastres militares e um recuo diplomático catastrófico na posição de grande potência que o país havia desfrutado na Idade Média. Com a evolução na técnica e arte militar, as guerras do Renascimento exigiam cada vez mais a mobilização de granes exércitos cuja manutenção, abastecimento e transporte tornavam seu custo exorbitante. Ora, no momento crítico da transição para o Absolutismo, enquanto para as monarquias continentais a constituição de poderosos exércitos era uma condição indispensável para sua sobrevivência, para a monarquia inglesa, graças à sua posição geográfica insular, não era necessário nem possível construir uma máquina militar comparável à do Absolutismo francês e espanhol. Tampouco os Tudor dispunham naquele momento dos recursos econômicos e financeiros dos dois primeiros.
Sua filha, a rainha Elisabeth, cujo governo foi marcado por uma política externa menos ambiciosa, abandonou toda pretensão de manter um grande exército e realizar grandes façanhas, fixando-se na realização de objetivos bem delimitados e de caráter defensivo. De um lado, impedir a Espanha de reconquistar as Províncias Unidas, impedir os franceses de se instalarem nos Países Baixos e impedir a vitória da Liga Católica na guerra civil francesa. De outro, na guerra sem quartel travada com a Espanha, impedir que esta realizasse a invasão da ilha. Para sustentar estes objetivos não eram necessários grandes exércitos. A atenção foi toda dirigida à construção de uma grande esquadra naval, capaz de enfrentar o perigo espanhol.
Ao mesmo tempo em que o país se preparava para a futura hegemonia marítima, a desmilitarização precoce da nobreza inglesa reforçava a tendência já em andamento, no interior da classe, no sentido do comércio, pois, agora, podia também dirigir seus interesses para a marinha. As conseqüências das inúteis e custosas guerras em que Henrique VIII se envolveu também foram decisivas. Para sustentar seu esforço de guerra o rei recorreu não apenas aos empréstimos forçados e à desvalorização da moeda, como, o que é mais importante, viu-se obrigado a lançar no mercado os enormes fundos provenientes dos bens confiscados à Igreja durante a Reforma (1536 – 1539) e que representavam um quarto das terras do reino. Ao se desfazer destes bens, a monarquia não só desperdiçava uma preciosa oportunidade para estabelecer uma base econômica sólida, independente dos impostos votados pelo Parlamento, como aumentava a força da gentry, os principais compradores das terras alienadas. No reinado de Elisabeth a situação, neste plano, manteve-se inalterada, pois, embora a rainha tivesse reduzido os gastos com o exército, a construção de uma poderosa marinha exigia enormes recursos. Seu governo continuou recorrendo à venda dos bens da Coroa e aos empréstimos do Parlamento. A outra fonte de recursos para o Estado consistia na concessão e venda de monopólios de comércio e indústria. Mas sua utilização, ao mesmo tempo em que favorecia mais os grupos encastelados na Corte do que a própria monarquia, suscitava enorme oposição entre os grupos partidários da liberdade econômica. Os Tudor não conseguiram desenvolver fontes alternativas e permanentes de recursos, como o fizeram as demais potências européias.
A burocracia era muito reduzida na Inglaterra. Embora os Tudor tivessem submetido à administração local a um certo controle, graças à interferência na escolha dos juízes de paz e vigilância sobre seu comportamento, não foram até a etapa decisiva. Esta consistia em substituir os juízes de paz por seus próprios funcionários remunerados. Como isto não aconteceu, os juízes de paz expressavam, naturalmente, muito mais os interesses da aristocracia rural do que os da Coroa. A revolução político – administrativa empreendida pelos Tudor criação de uma Administração central unificada, através do estabelecimento de novos tribunais judiciários (como a Câmara Estrelada) e órgãos políticos (como o Conselho Privado), ficou a meio caminho, justamente pela ausência de uma burocracia remunerada e vinculada ao Estado. Na Inglaterra a existência de uma monarquia relativamente poderosa e centralizada na Idade Média e as dimensões territoriais reduzidas da ilha impediram o surgimento de potentados locais semi – independentes e de autonomias regionais, como foi comum no continente. Em suma, não existiam no país forças centrífugas ameaçadoras à unidade política e cuja submissão exigisse a constituição de uma poderosa máquina burocrática e militar. O único perigo, aquele representado pelas tendências anárquicas dos barões feudais, foi em grande parte eliminado, durante e logo após a guerra das Duas Rosas (1455 – 1485).
Os mesmos fatores que durante a Idade Média permitiram à Inglaterra possuir um poder monárquico relativamente forte e centralizado, garantiram também a existência de uma Assembléia de vassalos, que logo se transformaria numa instituição coletiva e unificada da classe dirigente feudal da ilha – o Parlamento. Mas o que transformou numa instituição particular, distinta das demais, foi, de um lado. O fato de que na Inglaterra só existia uma única assembléia deste tipo, coincidindo com as fronteiras do país, e não várias, correspondendo cada uma às diferentes províncias; de outro, o fato de que no Parlamento inglês não existia a tradicional divisão ternária que havia no continente – clero, nobreza e burguesia. Por sua vez, os sistemas de duas Câmaras – dos Lordes e dos Comuns –, que é um desenvolvimento posterior, estabelecia uma distinção no seio da própria nobreza. A Câmara dos Lordes era reservada ao alto clero e à alta nobreza. A Câmara dos Comuns pertenciam aos burgueses das cidades e a gentry do campo. A aristocracia rural dominava não só a administração local, através dos juízes de paz, como também o Parlamento. O Parlamento inglês, desde a Idade Média, gozou também da prerrogativa – negativa – de limitar o poder legislativo real. Por ocasião do avanço do poder real, durante a dinastia Tudor, o Parlamento conseguiu preservar tanto o direito de votar as leis quanto o de fazer aprovar os impostos. E enquanto no reinado de Henrique VIII as guerras e a Reforma obrigaram o rei a buscar no Parlamento sustento econômico e apoio político, fortalecendo – o, a rainha permitiu que o número de deputados subisse de 300 a 500 aproximadamente.
No que se refere à Reforma, as razões que levaram Henrique VIII a realizá-la foram todas, basicamente, muito mais de caráter político do que religioso. Para consolidar o Estado Nacional, Henrique VIII procurou submeter à força da religião e o poder da Igreja aos interesses do Estado. Para as monarquias absolutistas da época moderna, a Igreja era, ou deverá vir a ser, um verdadeiro aparelho ideológico do Estado realizando as funções de controle social e de legitimação política. Neste sentido constituía-se um instrumento do poder absoluto.Também, Henrique VIII e Elisabeth não foram bem sucedidos, apesar dos esforços empreendidos na criação de uma Igreja Nacional consciente de si mesma e que unificasse o país em torno do rei. Isto porque a Igreja Anglicana, fundamentada numa idéia política e não religiosa, permaneceu num meio termo perigoso entre o Catolicismo e o Protestantismo. O Anglicanismo viu-se obrigado a sustentar uma luta em duas frentes: contra o Catolicismo, porque o rompimento com ele tinha sido com o Papa e não som seus princípios e o perigo de uma recatolização do país permanecia possível; contra o Protestantismo, porque, não podendo satisfazer as necessidades de uma população faminta de alimento espiritual, o Anglicanismo não podia impedir o crescimento do puritanismo, apesar de toda a repressão.
Depois da breve restauração do Catolicismo ordenada por Maria Tudor (1553 – 1558), Elisabeth voltou ao Anglicanismo, mas manteve – o afastado de qualquer contato com as idéias protestantes. Embora convencida da importância da hierarquia da Igreja e da necessidade de uma subordinação ao Estado, a rainha não fez nada no sentido de dotar a Igreja Anglicana de meios econômicos e morais que a tornassem capaz de competir no domínio religioso com os católicos e os puritanos. O vazio de zelo religioso que caracterizou a Igreja Anglicana, que não pregava nem fazia prosélitos, foi preenchido pelos católicos e principalmente pelos puritanos. Sobre o longo reinado de Elisabeth, aparentemente cheio de êxitos, pode – se afirmar que "alguns dos problemas dos Stuarts tinham sua causa direta no próprio êxito da política de Elisabeth. A rainha ganhou muitas batalhas, mas morreu antes de perder a guerra" (L. Stone).

A Política Absolutista dos Reis Stuart: 1603 – 1640
Jaime I e Carlos I governaram com base numa única diretriz: estabelecer na Inglaterra, uma verdadeira monarquia absolutista. Procuraram reverter aquelas tendências negativas examinadas anteriormente. Ambos fracassaram. Jaime I conseguiu transmitir o cargo ao filho ao filho Carlos I, este mergulhou o país numa guerra civil e pagou com a vida sua determinação de governar como absolutista. O governo de Jaime I, com sua política de aproximação com a Espanha, suas tentativas fracassadas de criar uma base econômica independente, acompanhadas pela extravagância e corrupção da Corte, provocou violenta disputas com o Parlamento e suscitou enorme descontentamento entre a gentry e a burguesia urbana.
Foram três bases intelectuais da revolução que se aproximava, estas idéias foram ganhando corpo justamente nas três primeiras décadas do século XVII e expressavam, no plano político e ideológico, tanto as transformações econômico – sociais quanto a reação a política absolutista dos reis Stuart. A primeira destas idéias tinha como foco o puritanismo. Embora o processo de sua difusão entre as classes sociais não seja ainda bem conhecido, não há duvida de que sua penetração maior se verificou entre os grupos ligados à manufatura. O puritanismo também se difundiu intensamente entre a gentry e seus praticantes, desenvolveram a convicção da necessidade de uma independência de juízo baseada na consciência e na leitura bíblica, ofereceu não só idéias e convicção moral, mas também, a partir do reinado de Elisabeth, direção e organização.
A outra vertente intelectual da revolução foi a do Direito Comum. Na Inglaterra, ao contrário do que ocorreu no continente, o direito romano não foi adotado. Mais tarde, embora os Tudor e Stuart tivessem introduzido novas instituições jurídicas inspiradas no direito romano, não conseguiram suplantar o Direito Comum. O conflito que se desenvolveu entre a monarquia e o Parlamento teve por base estes dois sistemas jurídicos. A vitória do Parlamento consagrou a vitória do Direito Comum. O Direito Comum era o direito tradicional, de caráter rural, que regulava as relações jurídicas entre a nobreza e os camponeses e as formas de propriedade da terra.
A terceira componente intelectual da revolução foi a ideologia do "país" em oposição a da "Corte" – court versus country –, segundo a qual o país era virtuoso, a corte depravada, o país defensor dos velhos hábitos e liberdades, a Corte de novidades administrativas e práticas tirânicas, o país puritano, a corte inclinada ao papismo, etc.
Quando Carlos I subiu ao trono em 1625, a Inglaterra vivia uma situação geral, um clima ideológico e uma correlação de forças nitidamente desfavorável a toda tentativa de se implantar no país um programa político de caráter absolutista. Mas foi o que o rei se empenhou em fazer. Já em 1628 sua política de imposição de empréstimos forçados, encarcerando arbitrariamente os que se recusavam a pagar, levou o Parlamento a aprovar a famosa Petição de Direitos que declarava a fixação de taxas sem o seu consentimento e a prisão arbitrária, atos ilegais. Frente a este rompimento declarado do Parlamento, o rei passou a ofensiva, respondendo com a sua dissolução em 1629 e com uma política de poder pessoal baseada apenas nas prerrogativas da monarquia. Durante onze anos consecutivos (1629 – 1640), com base nesta política, conhecida pelo nome de Política Global, Carlos I com a ajuda de dois energéticos ministros, o arcebispo Laud e de Thomas Wentworth, procurou criar os instrumentos de que o poder monárquico carecia para controlar as forças econômicas, sociais e religiosas cujo desenvolvimento e direção caminhavam em sentido contrário aos interesses do Absolutismo. O resultado desta política terminou num desastre completo e permitiu que todas as forças de oposição se unissem contra o rei.
Para controlar a vida econômica e obter os recursos financeiros necessários a seu programa, isto é, capazes de sustentar uma máquina de Estado ampliada e sem passar pelo Parlamento, o rei recorreu a todos os expedientes possíveis, de caráter feudal e neofeudal, restaurando taxas e tributos, multiplicando monopólios, impondo multas, regulamentações de toda ordem e vendendo ofícios. Um destes impostos, o ship money, foi transformado num tributo nacional anual. Sua aplicação causou uma verdadeira onda de descontentamento nacional entre todas as classes proprietárias. E a recusa, em 1637, de um dos líderes do Parlamento, John Hampden, de pagar o ship money, sendo por isso julgado e condenado acabou se transformando no início de uma revolta geral em 1639/1640 contra o pagamento desta taxa.
Para pôr um freio à mobilidade social existente, Carlos I proibiu os cercamentos de terras e restringiu a venda de títulos; expulsou a gentry da Corte, fortaleceu os privilégios dos pares e reforçou a hierarquia das classes, fixando suas funções, acesso à Corte e outros órgãos de poder. Estas medidas, insuficientes para atrair as simpatias dos camponeses para o lado da monarquia, foram suficientes para descontentar a maioria da gentry.
Para recuperar o poder e o prestígio da Igreja Anglicana, o arcebispo Laud procedeu, de um lado, a revisão do valor dos dízimos e a recuperação dos bens territoriais da Igreja, e, de outro, a uma reorganização da hierarquia do clero e a fixação de um ritual solene para as cerimônias e outros cultos religiosos. Com isto escandalizou os puritanos.
Com uma política externa de aliança com a Espanha, de não envolvimento na guerra dos Trinta Anos ao lado dos protestantes, de aproximação com o Papado (sua esposa francesa era católica), escandalizou a nação que passou a considerá-lo cada vez mais como papista. Por outro lado, sua política de colonização da Irlanda, realizada com eficiência e brutalidade pelo conde de Strafford, contrariava os interesses da burguesia londrinense, já que sua finalidade era a de implantar naquela ilha um regime autoritário e feudal e constituir um exército poderoso.
Carlos I utilizou-se dos Tribunais de privilégio (Câmara Estrelada, Conselho do Norte e de Gales, Corte de Alta Comissão) e do Conselho Privado, ou seja, das prerrogativas monárquicas, para reprimir, processar e encarcerar todos aqueles que lhe faziam oposição, ou resistiam a seus atos.
Nos últimos anos de 1630, a política absolutista de Carlos I tinha conduzido a nação a um beco sem saída. A revolta política crescente, somava-se, para agravá-la, uma crise econômica responsável, a partir de 1620, pela retração no comércio de exportação e na manufatura de tecidos. Em 1638, quando Carlos I e o arcebispo Laud, ao procurarem estender à Escócia presbiteriana o Anglicanismo, provocaram entre o clero presbiteriano e a nobreza uma revolta em grande escala contra a Inglaterra. A formação do Covenant (pacto religioso-militar) seguiu-se a invasão escocesa da Inglaterra em 1639. Ora, a Inglaterra carecia de forças militares suficientes para enfrentar o poderoso e disciplinado exército escocês. Mas a Inglaterra carecia também de vontade política para enfrentar os escoceses.
Falido economicamente, com o exército presbiteriano escocês estacionado no país, exigindo resgate para se retirar, e com a burguesia em greve, recusando-se a pagar o ship money, Carlos I estava completamente batido e isolado. Sem outra alternativa, convocou o Parlamento, mas quando viu que não podia negociar um acordo com os Comuns sem fazer pesadas concessões em suas prerrogativas, dissolveu-o. A seguir, reuniu um Grande Conselho da nobreza do reino para assessorá-lo frente à crise existente. E os nobres aconselharam-no a convocar novamente o Parlamento. Quando em 1640 o Longo Parlamento entrou em funcionamento, a grande rebelião parlamentar contra o Absolutismo ia começar.

A Grande Rebelião: 1640 – 1642
Com a convocação do Parlamento Longo, em novembro de 1640, a iniciativa política passava às mãos da oposição parlamentar, centrada na Câmara dos Comuns. Contando com uma grande maioria de deputados, com uma liderança experiente e com uma unidade de pontos de vista contra a Coroa, a oposição estava decidida a conquistar para o Parlamento a soberania política. Sua primeira providência, nesse sentido, foi impugnar os ministros Strafford e Laud. O Parlamento aboliu os principais instrumentos do poder monárquico, os tribunais de privilégio ou Cortes de prerrogativas de mais de 150 anos de existência. Também aboliu o ship money e todos os outros impostos e taxas utilizados pelo rei nos onze anos de governo pessoal e não votados pelo Parlamento. E, para assegurar sua própria independência como poder, o Parlamento aprovou dois atos: o Trienal Act, que tornava automática a convocação do Parlamento se a monarquia não o fizesse no prazo de três anos, e o Ato Contra a Dissolução do Longo Parlamento Sem Seu Próprio Consenso. Com todas estas medidas a oposição realizava uma revolução político-constitucional cuja preparação vinha sendo elaborada há décadas. Embora Carlos I não teve forças para reagir a esta revolução que o despojava de toda a autoridade e enquanto a oposição manteve sua unidade, a luta entre os dois poderes não transbordou do terreno constitucional. E era isso que a maioria parlamentar desejava. Mas o radicalismo puritano forneceu a pólvora e a revolta da Irlanda o estopim que fez explodir a unidade da oposição. Com a divisão, o rei, até então isolado, ganhou forças para contra – atacar e a guerra civil tornou-se irremediável.
A revolta católica da Irlanda criava para o Parlamento um problema extremamente delicado. Quem iria comandar o exército para esmagar a rebelião e reconquistar a Irlanda? Legalmente o comandante das forças armadas era o rei. Se o Parlamento lhe confiasse o exército, punha em risco a vitória recém – conquistada sobre a monarquia. Carlos I, procurando explorar a situação, não abriu mais do direito de comandar o exército.
Pym e outros líderes dos Comuns estavam dispostos a aceitar o apoio popular da capital para derrotar definitivamente Carlos I. para obrigá-lo a capitular fizeram aprovar um documento à nação, a Solene Advertência, que continha violentas acusações a Carlos I. Assustados com a agitação popular de Londres, muitos deputados votaram contra a Solene Advertência, aprovada por apenas 11 votos de diferença. Animado com a divisão do Parlamento, Carlos I imediatamente contra – atacou. Com um grupo armado, invadiu a Câmara dos Comuns para prender Pym, Hampden e outros três líderes da oposição. Avisados a tempo, os cinco se refugiaram na capital. Com este insucesso e tendo perdido o controle sobre Londres, Carlos I retirou-se para o Norte. Lá reuniu um exército de realistas e preparou-se para a guerra civil.

A Guerra Civil: 1642 – 1648
Do ponto de vista religioso é bastante evidente e nítida a divisão que separou os ingleses, durante a guerra civil, entre partidários da causa realista e da causa parlamentar. Praticamente todos os anglicanos e católicos ficaram do lado da monarquia e todos os puritanos moderados (presbiterianos) e radicais (as seitas) do lado do Parlamento. Do ponto de vista social a divisão apresenta-se obscura e complicada. Porque os integrantes de um e de outro bando pertenciam basicamente às mesmas classes sociais, a gentry, à alta nobreza (aristocracia) e à burguesia e todas as três eram classes proprietárias, economicamente dominantes. As classes exploradas, ou ficaram fora do conflito, ou, quando dele participaram, ao lado do Parlamento, estiveram longe de representar o mesmo papel dos sansculottes na revolução francesa. E também a controvérsia que opõe os historiadores não marxistas da revolução inglesa aos marxistas. Os primeiros negam (ao contrário dos segundos) que a guerra civil tenha tido um caráter de luta de classes. Para eles a guerra civil foi um conflito basicamente de natureza política (constitucional) e religiosa (ideológica) entre as mesmas classes dominantes. As regiões e os homens ainda predominantemente feudais estavam com o rei e aquelas regiões em que o capitalismo predominava estavam com o Parlamento. "Não se podem encontrar divisões sociais fundamentais numa Assembléia tradicional como a Câmara dos Comuns, destinada a representar a classe proprietária e escolhida segundo um sistema eleitoral que não mudava há dois séculos. As verdadeiras divisões existiam fora do Parlamento e sua natureza social é difícil de ser negada. As regiões partidárias do Parlamento eram o Sul e o Leste, economicamente avançadas; a força dos realistas residia no Norte e no Oeste, ainda semifeudais. Todas as grandes cidades eram ‘parlamentares’; freqüentemente, contudo, suas oligarquias privilegiadas sustentaram o rei... Só uma ou duas cidades episcopais, Oxford e Chester, eram realistas. Os portos eram todos pelo Parlamento... A marinha manteve-se solidamente do lado parlamentar... A mesma divisão encontramos no interior dos condados... os setores industriais eram pelo Parlamento, mas os agrícolas pelo rei". (Christopher Hill)
Na guerra, a relação de forças era substancialmente favorável à causa parlamentar, dada sua superioridade de recursos econômicos, humanos e estratégicos (marinha e portos). Mas até 1644-45 as forças parlamentares não souberam explorar esta superioridade, pois procuraram enfrentar os realistas utilizando-se apenas das milícias tradicionais dos condados e seus respectivos aparelhos financeiros e administrativos. Por isso, a iniciativa das ações esteve com os realistas, os quais não conseguiriam, contudo, obter nenhuma vitória decisiva.
Do lado das forças parlamentares, durante a guerra, formaram-se dois partidos, os dos Independentes e o dos Presbiterianos. Esta divisão era ao mesmo tempo de natureza religiosa e política. Por detrás destas divergências religiosas e políticas entre presbiterianos e independentes manifestavam-se diferenças sociais acentuadas.
Para enfrentar os realistas, presbiterianos e independentes procuraram a aliança com os escoceses do Covernant, cujo exército era poderoso. O partido presbiteriano inglês estava pronto a aceitar o preço da ajuda escocesa: estabelecimento de uma Igreja oficial idêntica à escocesa. Quando em 1644 o exército do Parlamento, ajudado pelo rei da Escócia, derrotou os realistas, na batalha de Maston Moor, mudando o curso da guerra em favor do Parlamento, quem desempenhou um papel decisivo na luta foi a cavalaria dos Independentes, liderada pelo deputado Oliver Cromwell. O exército chefiado por Cromwell tinha uma estrutura revolucionária e democrática. Isto porque, de um lado, seus membros, todos voluntários, eram recrutados principalmente entre os pequenos e médios proprietários rurais de tendências puritanas radicais e, de outro, o critério de promoção se baseava no mérito, no talento e eficiência militar dos soldados. Cromwell estimulava as discussões religiosas entre os soldados a fim de que todos tivessem "as raízes da questão"; "prefiro ter um capitão simples e rústico, que saiba por que luta e ame aquilo que sabe, do que um daqueles a quem chamais gentil – homem e que não passa disso".
Este novo exército, New Model Army, era visto com desconfiança pelo partido presbiteriano, cujos chefes militares eram escolhidos dentro do Parlamento por critérios aristocráticos. Os presbiterianos temiam o avanço democrático, e, sempre buscando um compromisso com o rei, não tinham pressa em ganhar a guerra. Ou melhor, não desejavam uma vitória absoluta, não queriam levar a guerra até suas últimas conseqüências. Durante todo o curso da guerra, até a execução do rei em 1649, os presbiterianos procuraram incessantemente um compromisso com o rei.
Mas os primeiros sucessos militares do New Model Army, imbatível no campo de batalha, e a própria lógica dos acontecimentos que exigiam uma definição da luta forçaram os resultados: "chegou à hora de falar, ou de calar a boca para sempre", disse Cromwell ao Parlamento. Em 1645, o Parlamento aprovou o Ato de Abnegação pelo qual renunciava ao comando do exército, entregando-o aos militares, aos generais. Sob a pressão dos acontecimentos, também o velho sistema estatal foi parcialmente destruído e modificado.
Graças a estas medidas, militares e políticas, impostas pelo partido Independente, "da guerra até a vitória" o exército realista foi definitivamente derrotado em 1645 na batalha de Naseby.
Com a vitória militar sobre os realistas criava-se uma nova situação política: de um lado, saía de cena o perigo representado pelo Absolutismo, e, de outro, entrava em seu lugar uma nova força: o New Model Army e em sua esteira um novo partido, os niveladores (Levellers), partido democrático que se formou em Londres em 1646. A derrota do inimigo comum acirrou, entre presbiteriano e independentes, a luta pelo poder. Enquanto os primeiros continuavam a controlar o Parlamento onde tinham maioria, os segundos tinham o controle do exército. Estes dois poderes coexistiam como poderes rivais. Os presbiterianos, visando assumir o controle da situação, entraram em negociações com o rei prisioneiro (Carlos I tinha-se rendido em 1646 aos escoceses, que o negociaram com o Parlamento). Para se livrarem do exército, insuflado pelos niveladores, que tinham penetrado em sua fileiras, amotinou-se, recusando-se a se desmobilizar e partir para a Irlanda. "Conduzidos pela cavalaria formada pelos pequenos proprietários rurais, os soldados rasos organizaram-se, nomearam-se deputados de cada regimento (‘agitadores’) para um conselho central, empenhados em manter solidariedade e não entrarem de licença até as suas exigências serem satisfeitas". (Christopher Hill)
Por um certo tempo (1646 – 1647) os generais líderes do partido independente hesitaram entre os presbiterianos do Parlamento e os soldados do exército. Mas quando viram que os primeiros negociavam com o rei e que os segundos estavam determinados a avançar em suas reivindicações, aliaram-se a estes últimos, procurando, contudo, controlar seu programa democrático. Como resultado desta aliança entre independentes e niveladores em 1647 o rei foi retirado da prisão controlada pelo Parlamento e mantido como refém nas mãos dos independentes. Ao mesmo tempo, dentro do New Model Army formava-se um Conselho do Exército, no qual sentavam-se lada a lado representantes eleitos dos soldados e oficiais, com a finalidade de decidirem sobre as questões políticas. Os niveladores cuja influência crescia dentro do exército, apresentaram ao Conselho reunido em Putney uma proposta de constituição, chamada de Agreement of the People. Neste projeto estava formulado o programa político dos niveladores: extinção da monarquia e da Câmara dos Lordes e em seu lugar a República, com a extensão dos direitos políticos (participação no Parlamento) e de voto para todos os homens livres; no plano religioso, a supressão dos dízimos e a separação completa entre Estado e Igreja, e no plano econômico queriam o livre comércio, a proteção da pequena propriedade e a reforma da lei dos devedores.
Com o exército ocupando Londres, os chefes presbiterianos afastaram-se da Câmara dos Comuns, permitindo que Cromwell e os independentes assumissem o controle da situação. Em novembro de 1647 a tentativa dos niveladores de assumir o controle do exército foi frustrada pelos generais e o Conselho do Exército foi dissolvido (e isto significava o fim da democracia no exército e o fim dos niveladores). Mas a fuga do rei fez recomeçar a guerra civil e manteve a aliança entre independentes e niveladores. Com a nova, e desta vez definitiva, derrota do rei em 1648 (Carlos I foi capturado pelo exército), Cromwell e o exército, apoiados pelos niveladores, decidiram expurgar o Parlamento de todos os realistas (a partir deste momento o Longo Parlamento passou a ser conhecido pelo de Rump Parliament, isto é, Expurgado) e acabar com a monarquia declarada "desnecessária, opressiva e perigosa para a liberdade, segurança e interesse público do povo". A Câmara dos Lordes igualmente foi abolida, era simplesmente "inútil e perigosa". Em 19 de maio foi proclamada a República.
Apesar destas medidas, os independentes, com Cromwell à frente, não estavam procurando atender às reivindicações dos niveladores, os quais, pelo contrário, foram brutalmente esmagados por Cromwell e os generais em 1649. A partir deste momento a revolução inglesa entrava em refluxo. As razões da guinada a direita dos generais independentes e da derrota dos niveladores não são difíceis de explicar. Os primeiros, uma vez alcançados seus objetivos políticos imediatos: guerra até a vitória e capitulação completa da monarquia, superaram as divergências que os separavam dos presbiterianos conservadores. Seus interesses sociais coincidiam, já que ambos defendiam os direitos da propriedade e sua livre exploração. Eram, portanto, inimigos da democracia.
Cromwell foi chamado com certa razão o Robespierre e o Napoleão da revolução inglesa. Como o primeiro, conduziu a revolução à vitória e, como o segundo, esmagou a democracia, preservando seu caráter original.
De sua parte os niveladores não tinham força econômica e consistência ideológica suficientes para impor seu programa. Representavam os interesses dos artesãos e jornaleiros urbanos e sua ideologia radical era tipicamente pequeno – burguesa e como tal contraditória. Queriam a democracia, os direitos políticos para todos os homens livres, mas sua concepção de homens livres não era universal. As mulheres, e todos aqueles que não fossem proprietários de seus meios de produção e de seu próprio corpo ficavam de fora de sua democracia. Em 1649, quando o movimento nivelador já estava derrotado, surgiu de seu rescaldo um outro movimento ainda mais utópico e restrito, mas ao mesmo tempo mais radical e democrático, o dos Diggers (cavadores) ou "verdadeiros niveladores", cujo líder, Gerrard Winstanley, chegou à formulação de uma verdadeira sociedade comunista baseada na propriedade comum da terra. Embora derrotados, as idéias dos niveladores e dos cavadores subterraneamente continuaram vivas e seu legado reapareceu tanto na revolução francesa quanto no movimento cartista inglês do século XIX.

A República de Cromwell: 1649 – 1658
O governo ditatorial de Cromwell foi importantíssimo pelas suas realizações internas e externas. No plano interno, foram suprimidas de vez as estruturas feudais ainda vigentes, eliminando-se todos os obstáculos institucionais para o livre desenvolvimento das forças capitalistas. No plano externo, a Inglaterra consolidou sua vocação natural, de potência marítima e imperialista.
A República, não obstante todas as realizações do governo Cromwell, não sobreviveram a morte de seu fundador. Não conseguiu se afirmar porque representava apenas o poder do exército e este, para governar, precisava do apoio do Parlamento, tradicional representante político dos interesses das classes dominantes. Por isso, Cromwell não pôde deixar de recorrer ao Parlamento. Por outro lado, enquanto o exército viveu do capital obtido com o confisco dos bens da Coroa, Igreja e realistas, sua permanência não pesou sobre os contribuintes, isto é, a classe dominante. Mas, depois que o dinheiro acabou, seu custo tornou-se elevado para os proprietários ingleses habituados a não pagarem pesados impostos. Com o exército no poder, tinha não só que pagar agora impostos mais elevados, como também que aceitar uma centralização do poder que tolhia sua tradicional autonomia local.

A Restauração e a Revolução Gloriosa de 1688
Com a Restauração, o conservadorismo social e político, em aumento no país desde os anos 50, chegava ao seu termo lógico. Mas o retorno da monarquia, apesar de todo o conservadorismo que ela representava, não significou a volta ao Antigo Regime. O Absolutismo está definitivamente derrotado na Inglaterra. Com a Restauração o país voltava a situação jurídica existente em 1642, isto é, com o Parlamento como o soberano político da nação. Mas não de todos os ingleses, pois era um Parlamento oligárquico que representava apenas os interesses das classes proprietárias, sobretudo rurais. Carlos II, o novo rei, estava privado de todos os instrumentos do poder absoluto. Embora se autodenominasse rei pela graça de Deus, sabia que era rei pela vontade do Parlamento. Seu filho Jaime II pretendeu desconhecer as limitações de sua posição e bastou isso para que tivesse que viajar em 1688, abandonando o trono.
Os grandes derrotados da Revolução foram o movimento democrático e o movimento puritano. Ambos tinham, durante a Revolução, evoluído e se alimentado juntos. O medo que suscitaram nas classes dominantes explica a Restauração e a volta ao Anglicanismo, a uma Igreja Oficial e aos dízimos. Este ressuscitado Anglicanismo foi privado pelo Parlamento do antigo poder e teve que renunciar à pretensão de ser a única Igreja da Inglaterra. Estado e Igreja, isto é, política e religião foram separador. Contudo, e nisto se manifesta todo o caráter conservador da Restauração, só os membros da Igreja oficial tinham acesso ao poder local e central e às universidades. Os não conformistas, os dissidentes (pessoas que professassem outra religião que não a Anglicana), embora oficialmente reconhecidos e tolerados, tornaram-se uma espécie de "cidadãos passivos", excluídos da vida política. Os dissidentes de convicção religiosa superficial puderam retornar ao seio do Anglicanismo, os demais entregaram suas energias ao mundo dos negócios.
"Jaime II foi afastado pela ‘Gloriosa Revolução’ de 1688, ‘gloriosa’ porque sem derramamento de sangue nem desordens sociais, sem ‘anarquia’, sem possibilidades de revivescências das exigências revolucionárias – democráticas.
Desde então, os historiadores ortodoxos têm feito os possíveis por acentuar a ‘continuidade’ da história inglesa, por minimizar as irrupções revolucionárias, por pretender que o ‘interregno’ (a própria palavra mostra o que eles procuraram fazer) foi um acidente infeliz, que em 1660 voltamos a velha Constituição no seu desenvolvimento normal, que 1688 apenas corrigiu as aberrações de um rei demente. Ao passo que, na realidade, o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política dentro da qual o capitalismo poderia desenvolver-se livremente. Por razões táticas, a classe dominante simulou, em 1660, que se tratava simplesmente da restauração de velhas formas da Constituição. Porém, com essa restauração pretendiam conferir um caráter sagrado e um traço social a uma nova ordem social. O que era realmente importante era o fato de a ordem social ser nova e não poder ter sido alcançada sem revolução". (Christopher Hill)

sábado, 13 de novembro de 2010

Revolução Industrial

A palavra revolução é uma palavra antiga para uma idéia moderna de transformação, e na versão original, vem do termo astronômico que designa o movimento cíclico das estrelas.
A Inglaterra foi o berço da revolução industrial que teve início no século XVIII, com acordos coloniais e acumulação de capitais primitivos, posição geográfica privilegiada, cercamentos, ato de navegações, que está consegue juntar com seu comercio, também podemos apontar o crescimento populacional, que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias de sua agricultura.
Outro fato é a revolução inglesa, esta veio fazer com que o povo estivesse mais aberto as mudanças, a dinastia Tudor trouxe grande crescimento à Inglaterra através do comércio e mais também de forma ilegal usando da pirataria.
Também a revolução Francesa com suas idéias liberais sobre igualdade política foi de grande influencia tanto para ingleses como para franceses, que adotaram essas idéias.
Com a mecanização vieram as mudanças dos sistemas de produção. Enquanto na idade média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na idade moderna tudo mudou.
A burguesia industrial buscava ter maiores lucros, menores custos e produção acelerada; buscaram-se alternativas para melhorar a produção de mercadorias.
Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de revolução industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores.
A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas a vapor.
Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período.
A mão-de-obra disponível em abundância, também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII.
A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês.
O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. As máquinas a vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionaram o modo de produzir.
Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.
No inicio do século XIX o aço supera o ferro, surgindo também novas fontes de energia como elétrica e o petróleo, a invenção do motor de combustão, a evolução dos transportes e meios de comunicações, as produções de máquinas automáticas em séries levando a um grande aumento nas produções. Esta revolução acabou influenciando nas áreas sociais, econômicas e políticas da sociedade européia do período.
Luiz Ernani

Um passeio pela cidade de São Paulo a partir da Praça da Sé

Praça da Sé, por muito tempo foi o espaço usado para grandes manifestações populares da cidade. Hoje, a partir do momento em que a estação de metrô foi instalada no subsolo, houve um encurtamento da praça evitando tais manifestações. O “metro” passou a fazer parte da praça, o local se transformou em um complexo urbano.
A primeira construção dessa região foi a Igreja Matriz, em 1558, passando por reforma mais tarde em 1954, em razão do aniversário de quatrocentos anos da cidade. A catedral, projetada por um arquiteto alemão, apresenta estilo gótico e bizantino, sendo a maior igreja de São Paulo. Misturando o estilo europeu com o brasileiro, no alto das colunas é possível ver desenhos de tatus, tucanos, frutas tropicais, riquezas do Brasil como cacau e café.
O café merece ser homenageado tanto quanto o lugar de origem da cidade, por isso é visto em muitos edifícios. E a praça, que sedia sua catedral e seu marco zero, por meio do qual é possível calcular a distância de qualquer lugar em relação ao centro da cidade, além de indicar as direções dos Estados que fazem limite com São Paulo.
Em um passeio pela praça, encontramos a estatua de São Paulo Apóstolo onde manifestantes de partidos políticos colaram adesivos de seus candidatos. Isso demonstra a falta de respeito, educação e cuidado com a cidade, sem falar da sujeira que logo cedo encontramos, onde podemos presenciar comerciantes lavando as calçadas de seus estabelecimentos.
Ainda caminhando pela cidade é possível avistar o Palácio da Justiça, edifício de cinco pavimentos, revestidos de mármore, construído na década de vinte e que abriga uma biblioteca e o Museu do Tribunal da Justiça, além de outros edifícios importantes como o Palacete de São Paulo, hoje uma livraria.
O que deu para perceber é que nas fachadas dos prédios há vários ornamentos que retratam as riquezas do Brasil. E que num pequeno espaço percorrido notamos a presença de moradores de rua e a falta de cuidado com os monumentos públicos e limpeza das ruas.
Num prédio antigo da Caixa Econômica, achei bem interessante os detalhes das portas e janelas, essas de bronze. O Museu Anchieta contém alguns pertences do padre Anchieta, uma parede de taipa do antigo colégio Jesuíta e o altar de pedra onde João Paulo II rezou uma missa. O contemporâneo se mistura com o antigo.
Nem mesmo a chuva interrompeu a nossa caminhada. Chegando a antiga agência do Banco do Brasil, atual Centro Cultural Banco do Brasil, vimos um local moderno, que possui espaços diversificados como teatro, sala de cinema e sala do programa educativo, livraria, café e bomboniere.
Por fim eu, por motivos pessoais encerrei a visita, mas quero frisar que mesmo conhecendo muito pouco de São Paulo, por não ser daqui, pude ver que tem muito mais locais históricos a serem visitados e também que muito se tem a fazer para preservação desses.
Para concluir gostaria de fazer uma comparação interessante entre Curitiba e São Paulo, Ambas, a partir da catedral estilo neo-góticos e suas praças com o marco zero, estão muito próximas do Centro cultural histórico.
São Paulo, chamado de Largo de São Francisco. Curitiba, o Largo da Ordem é o coração do Setor Histórico de Curitiba e onde se encontra a Igreja da ordem terceira de São Francisco das Chagas no bairro de São Francisco.
Coincidência ou não, a imagem do Memorial a Nossa Senhora da Luz dos Pinhais sobre o pedestal, fica ao fundo das torres da basílica virada de costas para esta.

Luiz Ernani P. Faria

Literatura Infantil

Literatura Infantil

Drogas

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Curitiba Imagem

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Brasil Contra a Violência

Brasil Contra a Violência

Linguagem Sinais

Linguagem Sinais

Multiplicadores Surdos - Prevenção HIV, Aids, DST

Pernambuco

A Escola da Ponte

Meus Filmes

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Z Costas Gravas

sinopse: Esta história é baseada no caso Lambrakis, como foi originalmente apresentada na obra Z, de Vassili Vassilikos. Em 1965, Lambrakis, um professor de medicina, é assassinado quando saía de uma manifestação de paz em praça pública, a investigação sobre sua morte acabou por revelar uma rede de escândalos, corrupção e ilegalidades na polícia e no governo na qual o líder do partido de oposição se tornou Premier. Porém, em 1967, um golpe militar derrubou o governo legal. O filme revive o assassinato e a investigação numa tentativa de demonstrar como o mecanismo da corrupção fascista pode se esconder atrás da máscara da lei e da ordem.

Meus Filmes

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Relatório Filme - A Rainha Margot

• Sinopse No século XVI um casamento de conveniência é celebrado com o intuito de manter a paz. A união entre a católica Marguerite de Valois, a rainha Margot (Isabelle Adjani), e o nobre protestante Henri de Navarre (Daniel Auteuil) tinha como meta unir duas tendências religiosas. O objetivo do casamento foi tão político que os noivos não são obrigados a dormirem juntos. As intrigas palacianas vão culminar com a Noite de São Bartolomeu, na qual milhares de protestantes foram mortos. Após isto Margot acaba se envolvendo com um protestante que está sendo perseguido. • Informações Técnicas Título no Brasil: A Rainha Margot Título Original: La Reine Margot País de Origem: França Gênero: Drama Tempo de Duração: 143 minutos Ano de Lançamento: 1994 Site Oficial: Estúdio/Distrib.: Direção: Patrice Chéreau • Elenco Isabelle Adjani .... Margot Daniel Auteuil .... Henri de Navarre Jean-Hugues Anglade .... Charles IX Vincent Perez .... La Môle Virna Lisi .... Catharina de Médici Dominique Blanc .... Henriette de Nevers Pascal Greggory .... Anjou Claudio Amendola .... Coconnas Miguel Bosé .... Guise Asia Argento .... Charlotte de Sauve Julien Rassam .... Alençon Thomas Kretschmann .... Nançay Jean-Claude Brialy .... Coligny Jean-Philippe Écoffrey .... Condé O Confronto entre huguenotes e católicos. A partir de 1550, até ao século XVII, começou-se a designar os protestantes em França por "huguenotes", principalmente os calvinistas que se caracterizavam pela crença em que todo o ser humano estava predestinado e que Deus destinou algumas almas para a salvação e outras para o mal. O termo designava no século XVI os cristãos "reformados" de Genebra, calvinistas. As crenças calvinistas radicam ainda no trabalho ser uma ordem de Deus e o sucesso material um favor por ele concedido, indo de encontro às crenças medievais de que a pobreza é uma virtude e a usura um mal diabólico, contribuindo desta forma para o crescimento do capitalismo. Assim, surgiu a célebre guerra dos huguenotes, mais conhecidas por Guerras de Religião, travadas em França no século XVI entre os protestantes e os católicos. O filme retrata a França em 1572, quando do casamento da católica Marguerite de Valois e o protestante Henri de Navarre, que procurava minimizar as disputas religiosas, mas acaba servindo de estopim para um violento massacre de protestantes conhecido como a "noite de São Bartolomeu" , que teve a conivência do rei da França Carlos IX, irmão de Margot. O filme, que retrata esse trágico acontecimento, é baseado num romance de Alexandre Dumas. A noite de São Bartolomeu, massacre de mais de 3 mil protestantes, ocorrido em 24 de agosto de 1572, marca as sangrentas lutas religiosas que atrasaram a consolidação do absolutismo francês. Esse acontecimento caracteriza a fase final da dinastia Valois, que governava a França desde a idade média. O casamento forçado entre Margot, irmã de Carlos IX (rei da França) e o protestante Henrique de Navarra (Bourbon), não paralisou as lutas religiosas entre católicos e protestantes. Com a noite de São Bartolomeu, ressurgia o combate, estimulado pelo papa, envolvendo várias regiões européias. São Bartolomeu é uma das cenas mais chocantes, onde temos a chance de olhar de uma maneira realista o confronto que pôs fim á vida de milhares de pessoas em uma das épocas mais conturbadas da história;vemos também no decorrer da trama política de Cathérine de Médici(responsável pela Noite de São Bartolomeu),o romance entre a Rainha Margot que é casada com Henrique Navarro e Lerác de La molê seu amante huguenote que são enredados na teia política de Cathérine de Médici em sua luta contra os huguenotes,nos conflitos de disputas pela coroa entre os irmãos de Margot com seu irmão mais velho o Rei Carlos em meio á crimes,traições,intrigas,incestos,paixões e um amor que resistiu á morte. Conclusão: É um filme de época. Não devemos comparar com os filmes de produções em Hollywood! É um filme até interessante. Para entendê-lo necessita ser assistido pelo menos umas três vezes, tem vários detalhes que vale a pena observar melhor. É um filme muito interessante pelo seu contexto histórico, mas que deixa muito á desejar pela mudança na adaptação da história original de Dumas, onde Margot é quase retratada como uma prostituta o que tira muito do brilho do filme. O casamento não foi realizado na catedral. O noivo protestante não deveria entrar na Notre Dame, nem assistir à missa. Diante do portal ocidental da catedral, foi construído um palco sobre o rio Sena, no qual celebrou-se o casamento. Margarida não respondeu com um "sim" à pergunta, se desejava desposar Henrique, mas fez simplesmente um aceno positivo com a cabeça. Como era comum na época, o casamento tinha motivação exclusivamente política. No século 16, o maior esteio da França não era o rei, mas sim a Igreja. E ela estava inteiramente infiltrada pela nobreza católica. Uma reforma do clero significaria, ao mesmo tempo, o constrangimento do poder dos príncipes. Há quem fale de setenta mil a cem mil mortos. Segundo relatos, os cadáveres boiaram nos rios durante meses, de modo que ninguém comia peixe. Quem deve ter ficado muito feliz com o massacre foi o papa Gregório XIII, que cunhou uma medalha comemorativa da data e encarregou Giorgio Vasari de pintar um mural celebrando o massacre.

História

História (do grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado. Por metonímia, o conjunto destes processos e eventos. A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujo termo em grego antigo é Ἱστορίαι (Historíai). Todavia, será Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes.
O estudo histórico começa quando os homens encontram os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados. Esse estudo, do ponto de vista europeu, divide-se em dois grandes períodos: Pré-História e História.
Os historiadores usam várias fontes de informação para construir a sucessão de processos históricos, como, por exemplo, escritos, gravações, entrevistas (História oral) e achados arqueológicos. Algumas abordagens são mais frequentes em certos períodos do que em outros e o estudo da História também acaba apresentando costumes e modismos (o historiador procura, no presente, respostas sobre o passado, ou seja, é influenciado pelo presente). (veja historiografia e História da História).
Os eventos anteriores aos registos escritos pertencem à Pré-História e as sociedades que co-existem com sociedades que já conhecem a escrita (é o caso, por exemplo, dos povos celtas da cultura de La Tène) pertencem à Proto-História.
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Ciências Sociais

As ciências sociais são um ramo do conhecimento científico que estuda os aspectos sociais do mundo humano. Diferenciam-se das artes e das humanidades pela preocupação metodológica. Os métodos das ciências sociais, como a observação participante e o survey, podem ser utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento, não apenas na grande área das humanidades e artes, mas também nas ciências sociais aplicadas, nas ciências da terra, nas ciências agrárias, nas ciências biomédicas etc. Embora polêmica, é comum a distinção entre método quantitativo e método qualitativo.
As disciplinas do currículo mínimo das ciências sociais são: antropologia, sociologia, ciência política, metodologia científica e economia social.
As ciências sociais germinaram na Europa do século XIX, mas foi no século XX, em decorrência das obras de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber que as ciências sociais se desenvolveram. O carro-chefe foi a sociologia: neologismo cunhado pelo francês Augusto Comte, seu primeiro professor.
Durkheim e seus pares se esmeraram na busca de regras de método que elevassem ao status científico o conhecimento sobre a sociedade. Marx, ao contrário, mal visto pelos seus pares, foi encontrar na classe trabalhadora sua identidade. As atrocidades das relações de trabalho da época fizeram com que ele atribuísse a esse grupo social, assim definido em relação ao sistema econômico capitalista, ora a força da transformação da sociedade, ora apenas uma peça do complexo quebra-cabeças da história. No meio-termo entre o academicismo e o militantismo, está a participação de Weber, para quem a ciência e a política são duas vocações distintas. Distintas, mas comensuráveis: ele próprio teórico da burocracia e do processo de modernização, contribuiu para a burocratização e modernização da Alemanha, ocupando cargos políticos.
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Sociologia

Mas por que o carro-chefe foi a sociologia e não a ciência política, tão antiga como o nome de Maquiavel, ou a antropologia, também anterior? A resposta há de estar no momento histórico de consolidação do novo currículo do ensino superior europeu durante o curto período de plena vigência do movimento intelectual conhecido como positivismo. Então, a nova disciplina, sociologia, veio renovar as outras duas já vigentes. Assim, um discípulo de Durkheim, Marcel Mauss, deu o tom da renovação da antropologia na França. Em um contexto diferente, o polaco Bronislaw Malinowski também contribuiu para a renovação da antropologia através do método funcionalista, que marcou uma ruptura com o viés colonialista dos estudos antropológicos até então desenvolvidos na Inglaterra.
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Antropologia

Antropologia (cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento) é a ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões [1]. A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Cultural da Antropologia Biológica. Cada uma destas, em sua construção abrigou diversas correntes de pensamento.
Pode-se afirmar que há poucas décadas a antropologia conquistou seu lugar entre as ciências. Primeiramente, foi considerada como a história natural e física do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo. Se por um lado essa concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por outro restringia o seu campo de estudo às características do homem físico. Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo tempo, privilegiando a antropometria, ciência que trata das mensurações do homem fóssil e do homem vivo.
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É Justo tirar uma vida inocente?

Lutero

Lutero

Lutero no seu Tempo e o Filme

Lutero Título original: (Luther) Lançamento: 2003 (Alemanha) (EUA) Direção: Eric Till Atores: Joseph Fiennes , Alfred Molina , Bruno Ganz , Jonathan Firth , Peter Ustinov Duração: 112 minutos • título original:Luther • gênero: Biografia, Drama, História • duração:01 hs 52 min • ano de lançamento:2003 • site oficial:http://www.lutherthemovie.com/ • estúdio:NFP teleart / Eikon Film / Thrivent Financial for Lutherans • distribuidora:Casablanca Filmes • direção: Eric Till • roteiro:Bart Gavigan e Camille Thomasson • produção:Dennis A. Clauss, Brigitte Rochow, Christian P. Stehr e Alexander Thies • música:Richard Harvey • fotografia:Robert Fraisse • direção de arte:Christian Schaefer, Ralf Schreck e Václav Vohlídal • figurino:Ulla Gothe • edição:Clive Barrett • efeitos especiais:CA Scanline Production GmbH / Die Nefzers / R.S.G. Effecti Speciali S.r.l. Atores: Joseph Fiennes (Martim Lutero), Alfred Molina (Johann Tetzel),Bruno Ganz (Johann von Staupitz),Jonathan Firth (Girolamo Aleandro),Peter Ustinov (Friedrich),Claire Cox (Katharina Lutero),Uwe Ochsenknecht (Leo X),Benjamin Sadler (Georg Spalatin),Jochen Horst (Prof. Andreas Karlstadt),Torben Liebrecht (Imperador Charles V), Mathieu Carrière (Cardeal Jakob Cajetan), Marco Hofschneider (Ulrich),Maria Simon (Hanna)Herb Andress (Gunter),Lars Rudolph (Philip Melanchtlon). Lutero no seu Tempo e o Filme Início do século XVI. O Sacro Império abrange principalmente os Estados Germânicos, divididos em grandes Principados*. Em seu interior predomina o trabalho servil na terra ao mesmo tempo em que algumas cidades vivem de um comércio próspero. Apesar do termo “Império”, a situação esta longe da existência de um poder absolutista, ao contrário do que ocorre em Portugal e na Espanha. Antes da Reforma Protestante (1517), com Martinho Lutero (aliás, ele sentiu-se vocacionado ao ministério em sua juventude), vários jovens sérios e questionadores se levantaram, criticando a situação da Igreja de sua época. Os escritos e idéias de um homem de Deus, chamado John Wycliffe (professor da Universidade de Oxford na Inglaterra), que viveu de 1328 a 1384, influenciaram enormemente a vida de um jovem de menos de 20 anos, de nome Jonh Huss, que vivia em outro país, a Boêmia, na cidade de Praga (hoje, República Checa). Jonh Huss (1373 – 1415) continuou seus estudos e tornou-se reitor da Universidade de Praga. Pregava firmemente, contra a baixa moralidade dos líderes religiosos, e alcançou grande apoio do povo. Foi condenado à fogueira pelo Papa. Mas as idéias de John Huss influenciaram a Martinho Lutero (foi chamado por seus inimigos de "Huss Saxão ou Huss Alemão"), que viveu anos depois e provocou transformações serias na Igreja Cristã. Outro homem, cujas idéias influenciaram muito a Martinho Lutero, foi um rapaz de Florença, chamado Savonarola. Em 1519, assumiu o trono Carlos V, que era rei dos Países Baixos desde 1515 e rei da Espanha desde 1516. Pretendendo unificar seus vastos domínios e a instaurar uma monarquia universal católica, o Imperador foi obrigado a enfrentar os príncipes germânicos, contrários a centralização do poder. As disputas políticas envolvendo a tendência centralizadora do imperador e os interesses dos príncipes foi uma constante desde a formação do Sacro Império. Esta situação de disputa política foi aproveitada por Lutero, que atraiu os Príncipes para suas idéias reformistas, na medida em que o imperador era católico, e por sua vez pretendia utilizar o apoio da Igreja Católica para reforçar sua autoridade. Parcela significativa da burguesia também apoiou as teorias de Lutero, que reforçava o individualismo. Lançado como superprodução, com boa fotografia, figurinos, atores famosos, esse filme peca por tentar abarcar todo o processo de nascimento da Fé Luterana e conseqüentemente da Reforma, o que tornou o filme cansativo. O Lutero que nos é apresentado não tem bom senso germânico e nem impressiona pela sua religiosidade. Parece que falta fé! A narrativa parece descrever a história de um personagem político. O modo de atuar parece ser genuinamente americano, não tem a densidade psicológica do cinema alemão. O filme fica a dever, não espelha o sentimento revolucionário da Reforma! Não adianta falar apenas de "Lutero", porque ele não foi o único a participar dessa Revolução da Reforma Protestante, teve outros momentos (na qual o filme não mostra) que contribuíram para a Igreja Católica fazer a Contra Reforma. O filme foi bom até um certo ponto, mas eu acredito que Lutero foi muito mais além do que o filme quer mostrar.O filme é, definitivamente, incompleto. O final ficou bastante a desejar, tão decepcionante. Como fecho de análise desse filme o grande mérito de Lutero é valorizar, sobretudo, o aspecto religioso, sem fugir do social que intervinha sobre todo o contexto da época, gerado, principalmente, pelo jugo da igreja Romana sobre o povo, valorizado pela Revolta dos Camponeses. O próprio Lutero procurou conciliar as facções, e não conseguindo, condenou a rebelião dos camponeses. Cabe destacar que a repressão dos latifundiários sobre os camponeses foi executada com crueldade. O filme relata a vida de Martinho Lutero, um jovem alemão burguês que após quase ser atingido por um raio acreditou ter recebido um chamado divino e por isso juntou-se a um mosteiro. Sendo educado num monastério, tornou-se um monge completo de ideologias e com essas idéias lutou para transformar a igreja católica, pois criticava suas regras e a validade das indulgências (documento com o perdão dos pecados), que eram vendidos pela igreja. Martin Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III. Sua falta de satisfação em sua primeira missa, Lutero obteve um desequilíbrio emocional. Na verdade, dúvidas que pairavam em sua mente, começaram a ganhar força. A partir deste momento, tais questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho "gratuito" ao amor de Cristo e da salvação. No filme Lutero é enviado a Roma e aparece transitando pelas ruas, o espectador tem uma clara imagem da deplorável condição social da maioria das pessoas, consideradas súditos do rei e devotos do papa. Essa condição social pode ser expressa em dois termos: ignorância e superstição. Essas condições as desejadas pelo papado para configurar seus projetos de domínio das consciências humanas. A ignorância deixava as pessoas na incapacidade de visualizar a forma correta de aproximar-se de Deus; a superstição permitia ao papado extorqui-las com ameaças do fogo infernal. Devido à condição social das pessoas, naquele período da História e da corrupção do papado, o ambiente para uma execução reformadora dos procedimentos da Igreja e dos meios de alcançar a salvação, estava plenamente configurado. O último impulso para dar início ao movimento reformador foi determinado pela presença do representante papal, oferecendo os benefícios das indulgências. As cenas projetadas, que exibem essa condição social, impressionam ao apresentar multidões de famintos e esfarrapados, vítimas anônimas da exploração clerical, depositando nos cofres papais suas míseras moedinhas, para poderem eles e seus queridos falecidos se livrar das assaduras eternas do inferno. O próprio Lutero segue, em cena, uma longa fila para apreciar com reverência o crânio de João Batista, e na condição de penitente, ascende de joelhos sobre os degraus da “Escada de Pilatos”, aquela que, segundo o papado, Jesus subiu durante seu julgamento e que foi levada por anjos até seu lugar, em Roma. Logicamente, esses objetos como todas as relíquias dessa época eram fraudulentos, levantando em Lutero um sentimento de cólera. Em Roma o novo papa Leão X, ( Uwe Ochdenknecht ), decide financiar a construção da nova basílica de São Pedro, por intermédio da venda de indulgências que, na Alemanha, fica a cargo do monge dominicano John Tetzel. Tetzel participava do processo de inquisição da Igreja. Deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma "esperança divina", visto que o julgamento de Deus estaria próximo. Tetzel proferiu um discurso aos fiéis da região com direito a imagens do purgatório para que os "verdadeiros tementes a Deus" pudessem conhecer o seu poder, recomendando assim, a compra da "passagem" ou livramento do purgatório. Alguns moradores da região "adquiriram" seu livramento após serem convencidos pela Igreja. Essas pessoas se encontraram com Lutero, que por sua vez, se mostrava piamente contra as indulgências, mencionando que tudo não passava de papéis com dizeres de meros homens. Martin Lutero Condena ensinos errados, alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente.Pregava salvação em Cristo e não a igreja. A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa. Lutero prega 95 Teses pessoalmente na porta da Catedral de Wittemberg. Fiéis da região passaram a ler o que havia nos papéis afixados. Em seguida, os escritos de Martin foram publicados em grande escala, atingindo assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa obteve rápido acesso deste material. Mais tarde Lutero é conduzido ao papa e afirmou suas teses, e suas obras são queimadas. Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às "verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas afirmações em respeito à Santa Igreja. Alguns de seus companheiros mais achegados o aconselharam a não desafiar Leão X, com receio à ser condenado como um herege frente a "Santa Igreja". O próprio Cardeal jamais esperava ouvir a reafirmação de Lutero sobre tudo o que já havia escutado por meio de outras pessoas e, sobretudo, pro meio de suas teses. A partir deste momento, Lutero deixou de ser considerado católico, definitivamente. Martin Lutero não ficou livre das intenções da Igreja em julgá-lo pela elaboração das 95 teses. Leão X queria um "julgamento" em Roma. O Príncipe Frederico não concordou com as intenções da Igreja e conseguiu um acordo com seu sucessor, Carlos V para que tal situação ocorresse em Wittemberg. O Imperador disse ainda seria montado um esquema de segurança para Lutero, com intuito de acompanhá-lo até os limites da região. Esta segunda parte do acordo não foi realizada por Carlos V. Foi neste momento que Frederico demonstrou seu verdadeiro apreço por Lutero, providenciando alguns de seus homens para o "capturarem" antes da Igreja. Lutero ficou escondido em nos arredores da Universidade, foi também neste momento que Lutero tomou a decisão de traduzir a Bíblia para a língua alemã. Enquanto estava escondido, Lutero ganhou tempo para traduzir a Palavra de Deus para língua alemã. Desta forma, ele esperava poder oferecer o acesso da bíblia a muitas outras pessoas que estavam verdadeiramente interessadas. Um dos exemplares fora dedicado especialmente ao Príncipe Frederico, que o aceitou de muito bom grado. Katharine Von Bora, uma freira que havia lido todo material de Lutero e queria muito o conhecer pessoalmente. Katharine foi além, casou-se com Martinho e teve filhos. Nos registros da História se encontra a rebelião armada de camponeses que ocorreu no ano 1525, na Alemanha, ou seja, pouco depois da Dieta de Worms. A causa desse levante era a situação social e econômica à qual estavam submetidos os camponeses. (A Dieta de Worms (em Alemão: Wormser Reichstag) foi uma reunião de cúpula oficial, governamental e religiosa, chefiada pelo imperador Carlos V que teve lugar na cidade de Worms (Alemanha), entre os dias 28 de Janeiro e 25 de Maio de 1521 ) Dieta de Worms é sobretudo conhecida pelas decisões que dizem respeito a Martinho Lutero e os efeitos subsequentes na Reforma Protestante. Lutero foi convocado à Dieta para desmentir suas 95 teses, no entanto ele as defendeu e pediu a reforma da Igreja Católica, entre 16 e 18 de Abril de 1521. O Feudalismo os havia reduzido a um estado de virtual “escravidão”, sem proteção das leis. Dessa forma, estimulados pela rebelião religiosa propiciada por Lutero, os camponeses ficaram mais fortes e decididos nas suas pretensões, e a Reforma se tingiu com a cor da política e o movimento social. O próprio Lutero procurou conciliar as facções, e não conseguindo, condenou a rebelião dos camponeses. Cabe destacar que a repressão dos latifundiários sobre os camponeses foi executada com crueldade. No filme, as escassas cenas de ambiente de prosperidade espiritual promovida pelo movimento de Lutero se observam na reunião dos príncipes que apóiam a causa luterana, celebrada antes do encontro com o rei Carlos V. A outra é na atitude de humildade diante do rei Carlos V, na Dieta de Ausburgo, confirmando sua decisão de não seguir as tradições católicas, ainda que essa atitude lhes custasse a própria vida.Assim sendo foi alcançada liberdade religiosa. Era o “protesto” dos príncipes, embora nas cenas permaneçam excluídas e nem sequer se faça menção da “Confissão de Ausburgo”, que contém a declaração da doutrina da salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Ninguém duvida que Lutero tenha sido o grande reformador da Igreja; mas, que ele e só ele tenha efetuado essa obra, é, no mínimo, ignorar o papel desempenhado por dois movimentos que o precederam, cuja função foi a de aplainar sua estrada de atuação. Esses dois movimentos foram a Pré-reforma e o Humanismo. Sobre o filme na sua apresentação plena, podemos no entanto, é preciso destacar, em síntese, que o movimento de Lutero, embora tenha sido levado pelos ventos da reivindicação político-social, permitiu que o cristianismo ou os seguidores de Cristo e seu evangelho bíblico tivessem a oportunidade de conhecer o verdadeiro processo de redenção: a justificação pela fé. *Um principado é um território governado por um príncipe. É distinto de um reino, normalmente porque tem um tamanho modesto, outras vezes porque não tem soberania total.

Meus Filmes

Meus Filmes

A Queda! As últimas horas de Hitler

Adolf Hitler era um mostro! Um indivíduo que marcou de sangue o século XX. Uma das mais desprezíveis figuras da história da humanidade. Porém, mesmo com tudo isso, não podemos receber com pedras nas mãos um projeto que humanize (um pouco, diga-se de passagem) sua figura. Até porque ele era um ser humano, ou seja, era capaz de sorrir em determinados momentos e até mesmo demonstrar afeição por uma mulher. Atitudes como estas são comuns para todo ser humano, independente de seu caráter. Uma coisa não tem nada haver com a outra. O que há de mais importante em “A Queda!” é justamente sua imparcialidade. Mesmo tendo Hitler como protagonista o longa consegue não se expor, no sentido que em momento algum defende seus ideais. Ou seja, qualquer crítica que venha receber (de anti-semita, por exemplo) é injusta. Trata-se de um dos melhores filmes já feitos que tiveram como base a 2ª Guerra Mundial (e olha que foram muitos). Não é um filme baseado em Hollywood e sim nos acontecimentos reais. Talvez por isto o filme tenha incomodado tanto. Por não ter um protagonista judeu, por não citar o exército norte-americano e por diversas outras situações. “Der Untergang” (título original) é história. Uma reconstituição dos últimos dias do Império Nazista. O longa se passa entre os dias 30 de abril e 8 de maio de 1945. Este período abrange o último aniversário de Hitler, seu casamento com Eva Braun, seu suicídio e o cessar fogo completo entre a Alemanha e as tropas vencedoras da União Soviética. O 3º Reich durou 12 anos (1933/45) e sucumbiu em apenas 12 dias, e são justamente esses últimos momentos que o filme retrata. Baseado nos livros “Der Untergang” (“No Banker de Hitler: Os Últimos Dias do 3º Reich”), de Joachim Fest, e “Bis zur letzten Stunde” (“Até a Hora Final: A Última Secretária de Hitler”), de Traudl Junge e Melissa Müller, “A Queda!” conta com uma competente direção de Oliver Hirschbiegel. O cineasta contou com a ajuda de uma equipe técnica em total sintonia e com a presença de atores de primeira grandeza no cinema europeu. O maior deles é Bruno Ganz (“Pão e Tulipas” e “Sob o Domínio do Mal”), que dá vida justamente a Adolf Hitler. Como a mais detestável figura do século passado, Ganz surge com a maior performance artística deste século!!! Tudo bem que estamos no início do século, mas sua interpretação vai ser difícil de ser superada nos próximos anos. O ator está impecável como Hitler. Ele não apenas se parece com o comandante alemão, ele consegue convencer que é Hitler. Durante os 156 minutos de projeção vocês se esquece que se trata de um filme e acompanha como se fosse um documentário, como se aquele indivíduo sendo filmado fosse realmente o pai dos nazistas. O mais impressionante em relação a performance de Bruno Ganz é o fato deste não ter sido indicado a nenhum prêmio. Meus elogios em relação a atuação de Ganz podem soar um pouco exagerados, mas pensem no desafio (físico e psíquico) que é interpretar uma figura como Adolf Hitler. Para terem uma idéia do que o ator passou para compor o personagem, saibam que Ganz se preocupou em como falar como Hitler na intimidade, longe dos discursos políticos às multidões. Segundo historiadores, o ditador falava muito baixo, e para tentar ser o mais verdadeiro possível, o ator ouviu insistentemente a única gravação sonora (sem imagens) que existe de Hitler, que foi feita na Finlândia, durante uma visita ao marechal e barão Carl Gustav Emil Mannerheim. Para aumentar o tom documental do longa e deixar o espectador ainda mais atordoado com a forma em que o carisma de Hitler tampava os olhos da população alemã na época, o diretor termina seu filme com um depoimento de Traudl Junge, retirado do documentário “Eu Fui Secretária de Hitler”. “A Queda! As Últimas Horas de Hitler” foi o filme mais caro já realizado na Alemanha (€ 13,5 milhões) e por lá foi assistido por 4,5 milhões de pessoas. O filme também fez bastante sucesso nos Estados Unidos, onde arrecadou mais de US$ 4,5 milhões, tendo sido lançado em poucas salas, e na Inglaterra, onde foi o filme de língua alemã com maior renda de toda a história, com £ 1,3 milhões arrecadados. O sucesso internacional do filme foi tanto que lhe deu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (perdeu para “Mar Adentro”) e lhe garantiu distribuição em Israel, país com cerca de 280 mil sobreviventes do Holocausto. O distribuidor Nurit Shani, dono de uma rede de cinemas do país, afirmou que 91% dos presentes a uma exibição prévia de “A Queda!” aprovaram a exibição do filme em Israel. Em contrapartida o Centro de Direitos Humanos Judaico afirmou que prefere que as pessoas evitem assistir ao longa. Já vocês, leitores da Confraria, não devem deixar de assistir a esta comovente obra-prima. Trata-se de um dos melhores filmes de guerra já feitos e que conta ainda com uma atuação inesquecível de Bruno Ganz.

Davi de Michelangelo

Davi de Michelangelo

renascimento e o “Davi” de Michelangelo Bunarroti

No século XIV ao XVI o mundo passou por grandes mudanças em múltiplas áreas. Na religião, nas ciências, nas relações comerciais, sociais e políticas. O espírito de descontentamento levedava, por assim dizer, os centros do saber da época numa exacerbada crítica as aventuras vigentes nas sociedades. As cruzadas abriram caminho para contatos comerciais com o Oriente, favorecendo o fluxo de mercadorias e o crescimento do comércio. Começaram, por esse tempo, a se formar as cidades ou burgos como resultados das atividades comerciais. A figura do rei surge a partir da necessidade de unificação da moeda (entre outras coisas) para minimizar distorções no comércio realizado entre os produtores dos feudos. O senhor feudal mais poderoso de uma região, recorrido para aliviar as tensões, se encarregava não ó da moeda, mas da proteção dos feudos menores. A centralização do poder desses senhores mudará a política da Europa, essa instituição, que se forja por uma busca de unificação e normatização nas relações, chamaremos de estado moderno. A sociedade, sensivelmente transformada pela peste negra e a guerra dos cem anos passa a exigir a abolição dos laços de dependência social e da regras corporativas; há também uma falta de mão de obra, resultado da peste e da guerra. Os indivíduos se sentem como tal e competem entre si, o que determinará o sucesso será segundo Maquiavel, quatro fatores: acaso, engenho, astúcia e riqueza. Neste contexto a educação será imperativa. A capacidade criativa da personalidade humana, sua inventividade técnica na exploração da agricultura, dos mineiros, a criação da imprensa e de novos tipos de papel e de tintas, a metalurgia, da construção naval e navegações, de armamentos e guerra dão um ritmo acelerado às descobertas, inclusive de novas terras, ampliando as fontes de riquezas a novas veias de trabalho por um lado por outro lado, e por outro dando uma noção mais precisa sobre o tamanho do globo terrestre, o que por si só já representa uma quebra enorme do paradigma eclesiástico de que a terra era o centro do universo, resultando na exaltação da a capacidade do homem em vencer desafios e romper com limites impostos. Diante dessas circunstancias as experiências e a observação atenta e metódica da natureza valoriza a razão como critério de verdade cientifica. O homem, aplicado ao desenvolvimento pessoal, se torna o centro é o antropocentrismo que se afigura no cenário de um novo mundo. Características comuns do renascimento. • Resgate estético da cultura greco-romana, a busca da perfeição na confecção de escultura e pinturas. • O antropocentrismo, a valorização das capacidades artísticas e intelectuais dos seres humanos. • A ênfase da ciência e da razão, trazendo explicações racionais para aquilo que é natural e social. • A valorização dos conjuntos de princípios que valorizavam as ações humanas e valores morais tais como: respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade e outros. O renascimento é então, por sua visão crítica á ordem vigente, e em especial ao papel da igreja romana sobre a sociedade, um movimento de revalorização da antiguidade greco-romana. Atribuíram ao período que se localizava entre o renascimento e a antiguidade o nome de era medieval. Tempo no qual se atravancou o desenvolvimento do homem, e este por mais de mil anos sob a regência da igreja (representante de Deus na terra), como uma espécie de marionete da religião. O obscurantismo, ou idade das trevas (termo cunhado por Petrarca) como ficou conhecido o período, também representou, por assim dizer, a morte do homem desafia e vence a interferência dos deuses no destino humano e se liberta como de um cativeiro. Foi um tempo caracterizado pela expressão de novas idéias técnicas, valorização da escrita, das ciências, das artes, pela busca da beleza e do conhecimento. É sob essas circunstancias que nasce no dia 6 de março de 1475, Miguel Ângelo di Lodovico Buonarroti. Foi um dos maiores representantes do renascimento. • Nascido em 6 de Março de 1475 na cidade de Crapese Itália. • Morte 18 de Fevereiro de 1564 em Roma na Itália. • Nacionalidade Italiana. • Ocupação: Escultor, arquiteto, engenheiro, poeta e pintor. • Movimento estético: Renascimento e maneirismo. • Conhecido por: Davi, teto da capela sistina e Pieta. Principais obras de Michelangelo • A fresco da capela sistina. • Criação de Adão. • Julgamento final. • Martírio de São Pedro. • Conversão de São Paulo. • Cúpula da basílica de São Pedro. • Esculturas: Davi, Leda, Moisés, e Pietá. • Retratos da família Médici. • Livro de poesias: Coletânea de rimas. • A Madona dos degraus (relevo). Sua arte se destacava pela perfeição das formas, a matemática das proporções, o uso do claro e do escuro (luz e sombra) que deixa suas pinturas quase tocáveis, embora considerasse a pintura uma arte limitada, preferia a escultura. Usava os trabalhos que fazia para expressar suas idéias. Na capela cistina, por exemplo, em volta das cenas de personagens bíblicos, cujos contextos são nitidamente de ética paternalista israelita, de moral rigorosa e juízo severo, ele as descreve com certo humor e irreverência. Estão lá apenas para mostrar a beleza e a perfeição do corpo humano, homens de corpos atléticos, às vezes gordos, mas sinuosamente delicados no rosto, corpo e posições. As mulheres são igualmente atléticas, tanto que nus só se diferenciam pela presença dos genitais masculinos e dos seios. Provavelmente isso se deva a valorização do período greco-romano, mostrava o homem como a mais perfeita obra da natureza, nos mínimos detalhes tanto nas pinturas como nas esculturas, desde a posição dos pés até os cabelos. Agora, se considerarmos que essas obras foram feitas num tempo em que as pessoas raramente ficavam nuas, às vezes até para se banhar, dá para fazer uma idéia do impacto das mesmas. Dentro das principais obras de Michelangelo, temos a estatua de Davi, a qual especificará para entender esse período tão importante. David ou Davi é uma das esculturas mais famosas do artista renascentista Michelangelo. O trabalho retrata o herói bíblico com realismo anatômico impressionante, sendo considerada uma das mais importantes obras do renascimento e do próprio autor. Essa escultura não foi feita por acaso. A historia de um rapaz, talvez adolescente em franco desenvolvimento, enfrentar um gigante e vencê-lo com uma funda e cinco pedras já é impressionante de imediato. Se o gigante fosse o mais preparado e experiente guerreiro do exercito filisteu tornaria o caso ainda chocante, e essa era a realidade no relato bíblico. Some-se a isso a crença de que alguns povos antigos entendiam que pessoas muito altas ou fortes fosse fruto da relação dos deuses (ou anjos) com as mulheres, tidos por isso como semi-deuses ou filhos dos deuses. O quadro começa a fazer sentido, o adolescente ou jovem, o que, aliás, explica a desproporção dos pés, mãos e cabeça. No período da puberdade está formando sua própria moral, seus princípios, sua ética é um contestador nato. Embora não seja um adulto já se sente capaz para enfrentar o mundo. Confia nas suas capacidades para desafiar grandes inimigos e vencê-los. Assim o movimento renascentista se encontra representado no jovem Davi que, com a funda para projetar sua munição contra o gigante o derruba e lhe corta a cabeça com uma espada. A funda no movimento pode ser tipificadas nas projeções das idéias nas mais variadas áreas do saber, nas novas práticas comerciais, no novo cenário político etc. O gigante talvez seja um símbolo apropriado da divindade (ou da igreja que a representava) desafiada e contestada em seu domínio cristão milenar. É praticamente impossível esgotar o assunto sobre Michelangelo por isso nos detemos somente sobre sua importância sobre o renascimento que foi um período muito importante para todos para eles e para nós, mesmo ficando somente no renascimento foi necessário que direcionássemos a uma obra especifica, pois não seria possível em tão pouco tempo realizar um trabalho tão ampla sobre Michelangelo. Demos à preferência a estatua de Davi que no ver do grupo tipifica de forma esplendida o renascimento se não sua totalidade, mas bastante elucidativa. O renascimento estava latente na vida de Michelangelo, até na forma de lutar pelos seus ideais, mesmo, aos 13 anos se impôs e foi para a escola de arte de Domenico Ghirlandaio, em pouco tempo foi aperfeiçoar-se no jardim do mecenas Lourenço, saindo dali quando Lourenço morreu. No ano de 1501 Michelangelo volta a Florença e então esculpi a estatua de Davi que levou aproximadamente 4 anos para ficar pronta. Grupo de Alunos do 3º Semestre de História Bibliografia - Pesquisada. Martindale, Andrew. O mundo da arte /o renascimento. Editora EXPED. Richmond, Robin. Michelangelo. Rio de Janeiro. Editora Salamandra Consultoria editorial. Site.www.sua pesquisa.com (18/03/2010 às 19:02h)

Pintura Renascimento

Pintura Renascimento

Fichamento " Uma Arte"

1808 - Laurentino Gomes

Eu sou Povo!

http://www.youtube.com/watch?v=LwYqDVndp7Y

SANKOFA

A palavra, da língua dos povos akan da África Continental, sobretudo Gana e parte da Costa do Marfim, tem uma conotação simbólica muito forte de recuperação e valorização das referências culturais africanas. A referência não deve ser entendida como uma volta ao passado, mas como fundamento de para construção de uma identidade própria, viva,tanto no presente como na perspectiva de um futuro melhor para os filhos e descendentes desse sofrido continente. A África foi vitima do maior holocausto que o mundo já conheceu, desdobrado em dois momentos: O tráfico escravista árabe dos séculos VIII e IX e o mercantilismo europeu dos séculos XV e XIX. Além do objetivo imediato ( A casa de mão de obra cativa). O holocausto europeu dos últimos 500 anos também visou à aniquilação da identidade dos filhos da África e a sua integração ao modelo ocidental. Considerado universal. Ambos os Objetivos deixaram de ser alcançados devido a resistência dos povos que foram alvos do racismo. A noção comum de racismo como um fenômeno reativo apenas à cor da pele escamoteia sua natureza mais profunda, que reside na tentativa de de desarticular um grupo humano por mio da negação de sua existência e de sua personalidade coletiva. Reduzir o africano e seus descentes à condição de “negros”, identificados apenas pela epiderme, retira deles o referencial histórico e cultural próprio. Assim sua própria condição humana é roubada. Esse processo de desumanizar os povos negros tem origem em uma história muito remota de conflito e dominação. O escravismo e o colonialismo europeus. Estes fizeram questão de identificar os africanos como negros ou kaffirs, desvinculando-os simbolicamente de sua terra. Europeus brancos intitularam-se afrikaaners presumindo-se dono dessa terra no lugar dos nativos. No contexto americano, o mesmo processo presumiu anular a auto-imagem dos africanos como gente livre e soberana vivendo em sua terra natal. Nomeando-os “ negros” nigerss, coons ou crioulos, o dominador negava-lhes a referência da terra, cultura,e história, assim reduzindo sua identidade à cor, que passara a simbolizar sua condenação à inferioridade e à escravidão. América chamada “Latina”, sofrem hoje a falta de referência histórica que lhes permitirá construir uma auto-imagem digna de respeito e auto-estima. A identidade “ negra” é calcada nas desgastadas categoria de ritmo, esporte,vestuário,e culinária.

História e Cultura Afro-brasileira- Sankofa


1)- De muitas maneiras tem se tentado impedir uma historiografia africana verdadeira e mundial; por mitos do colonialismo e o eurocentrismo, é o que iremos citar exemplos de alguns desses: A) Desarticulação de um grupo humano.Querer reduzir os africanos a condições de “negros” negar sua própria existência, retirando a sua história e cultura, roubando sua condição humana.
B) O escravismo Árabe, o mercantilismo europeu (caça de mão de obra cativa) o holocausto nos últimos quinhentos anos tentou aniquilar os filhos da África.
C) Na América “latina” hoje os “negros sofrem por lhe faltarem uma identidade e auto-estima, essa é vista pela suas categorias de ritmos: Esportes, vestuários, danças e culinárias. A “cultura negra”, definida pelos padrões da elite dominante da sociedade. Portanto muito pouco na atividade intelectual, técnica e tecnológica, científica, política, religiosa e econômica, são mais atributos de pessoas brancas exclusivo da ocidental.
D) Muitos na sociedade recebem e transmitem essa imagem implícita pela elite, e exclui o “negro”, criança, jovens e adultos, que se reproduz e lhe falta possibilidade profissional , social e econômica.
E) Há uma distorção na história dos africanos.Esses são representados como tribais , primitivos, raça inferior.Vejamos um exemplo Hegel: a África seria “uma terra da criancice, que ficou lá longe do dia da história”. “Os negros tem o sentimentos morais fracos, inexistentes”,conclui ele.
F) Outro exemplo na África antiga são as ruínas de Momomatapa, localizada no Grande Zimbábue. A construção cidade murada, império que durou trezentos anos.Muro de 250 metros extensão e quinze mil toneladas de granitos, contento cada metro 4.500 blocos de granito. À África já foi atribuída por historiadores e estudiosos a povos exógenos (são forças do exterior da Terra que alteram a paisagem) e até a extraterrestres.
G) Muitas conquistas africanas se perderam, a tradição, os costumes, as histórias por falta da escrita e pelo uso da tradição oral; também pelo holocausto sofrido, devastação de centros africanos por séculos destruídos, jovens levados a cativeiros, e o pouco que restou foram saqueados e queimados da biblioteca de Alexandria, por gregos , macedônios por não falar de romanos, então assim prevaleceu a imagem do selvagem atrasado e ignorante! E muito mais ocorreu, hieróglifos em papiros, material perecível que se destruía facilmente,sendo que é um contraste da escrita cuneiforme da antiga Suméria , ou Babilônia, registrado em matérias duráveis como pedra ou barro, contrabando de artes e artefatos, símbolos do poder político científico e religiosos levados para museus europeus.
H) Outro fator relevante foi o enfoque que europeus deram sobre tudo o que os antropólogos examinavam; grupos de uma conjuntura como se este estivesse sempre naquela condição de tribais e primitivos.

2)- Sankofa, palavra língua akan da África ocidental, sobretudo Gama é Costa do Marfim, com conotação simbólica forte, buscando recuperar a valorização das culturas Africanas. Sankofa pertence conjunto de símbolos gráficos de origem akan chamado adinka.(adeus) Sankofa significa, voltar as suas raízes e construir sobre elas o desenvolvimento, o progresso e a prosperidade de sua comunidade. Em todos os aspectos da realização humana. O ideogramas. * É uma estilização do pássaro que virá a cabeça para trás, sempre podemos retificar os nossos erros. Mesmo conceito do bando do rei e do bastão do lingüista: A sabedoria aprende com o passado para construir o presente e o futuro*ideogramas (símbolo gráfico para representar uma palavra)

3) A- podemos ver que há indícios na área da medicina que os médicos egípcios operavam tumores cerebrais, removiam cataratas. Médico do povo banyoro, conhecimentos de cesarianas e procedimentos, técnicas como: assepsia,anestesia,hemóstase, cauterização etc. Portanto não é exato atribuir a Hipócrates como sendo o “Pai da medicina”, a saber que no Egito o cientista Imhotep, cerca de 2800 a.C domina técnicas básicas da medicina, vacinação,farmacologia, assepsia, hemóstase e cauterização. “Datada de 2.600 a.C., o papiro Smith, contém capítulos sobre doenças intestinais, helmintíase, oftalmologia, dermatologia, ginecologia, obstetria, diagnóstico de gravidez, odontologia, e o tratamento cirúrgico de abscessos, tumores, fraturas e queimaduras”. Fonte: http://afrobrasileira.multiply.com/journal/item/8 Mãe África e Civilização- Elisa Larkin Nascimento

B- Além da medicina, os hieróglifos em papiros, material perecível se destruía fácil, sendo que é um contraste da escrita cuneiforme da antiga Suméria , ou Babilônia, registrado em matérias duráveis como pedra ou barro.
4)- A importância está em como vemos e aprendemos com a história, o Brasil é um País que tem um povo miscigenado, portanto todos devemos buscar o direito em comum de resgatarmos juntos também o passado,(indígena e negro), só lembrando que no caso dos Africanos esses foram esmagados, isso interrompeu no desenvolvimento do seu continente e sua história; fazendo que esses venham se empenhar,buscar suas raízes. Quanto a nós isso não nos desvincula dos africanos por todo mundo, a identidade afro-brasileira alarga uma identidade coletiva possibilitando a todos contribuir para o crescimento da nação.

Indícos de tribo perdido (Peru)

http://video.msn.com/video.aspx?mkt=pt-BR&vid=ebcf0a82-3d74-45c7-9b8a-d6228e60ef82A tribo perdida A tribo perdida

A conquista do Paraiso

Lançado no aniversário de 500 anos da descoberta da América, o filme gira em torno de Cristovão Colombo (Gerard Depardieu) e da chegada dos europeus ao Novo Mundo. A história acompanha desde os preparativos, com o navegador visionário recorrendo à coroa espanhola, até o terrível impacto da descoberta e do início da colonização sobre a população nativa. As dificuldades e temores da navegação, a perseverança de Colombo e o desafio da terra desconhecida fazem parte da aventura, que não descarta a brutalidade que envolveu os fatos.

1492 A Conquista do Paraiso

http://www.youtube.com/watch?v=cH-DYRNTIR4

Império Romano

http://www.youtube.com/watch?v=sLdoSf3Kth4

Behaviorismo - Walden Two: A Visão de Skinner

Walden Two: a visão de Skinner
Um modo pelo qual Skinner tentou transmitir sua ideia da sociedade experimental, ou em experimentação, foi descrevendo-a em seu romance Walden Two. Como ficção, o livro oferece ilustrações concretas de como uma sociedade em experimentação poderia ser. Como um ensaio que defende as virtudes de uma sociedade em experimentação, ele é indireto, porque Skinner passa seu ponto de vista através de diálogos entre seus personagens. Para apreciar o livro em toda sua extensão, é necessario interpretá-lo à luz das concepções de Skinner
Interpretação de Walden Two
O livro começa com dois professores universitários de meia-idade, Burris e Castle, decidindo visitar uma comunidade experimental localizada em uma fazenda no meio-oeste americano. Eles de defrontam com um povoado lozalizado em um pequeno pedaço de terra com um aprazível plano urbanístico, de aproximadamente mil habitantes. Os dias que lá passam são denominados pelas conversas com Frazier, o criador da comunidade, que ainda lá vive, mas que então tem uma influência apenas marginal no que diz respeito a seu funcionamento.
Uma maneira de Lê-lo é como se o livro fosse uma batalha entra Frazier e Castle para conquistar a adesão de Burris. Castle, descrito como uma pessoa confortável em seu papel acadêmico, um filósofo com excesso de peso e verbalmente beligerante, é a personificação do mentalismo. Frazier, homem de ação, é descrito como vigoroso e combativo, excessivamente autoconfiante. Ele representa a esperança em um mundo novo baseado na tecnologia comportamental. Burris, pouco à vontade em seu papel de acadêmico, descontente com a vida que leva, está aberto à persuasão. Pode-se dizer que nenhuum dos três representa Skinner, embora possamos imaginar que as discussões que acontece mentre eles, especialmente entre Frazier e Burris, poderiam se assemelhar às discussões de Skinner consigo próprio.
À medida que Frazier lhes mostra a comunidade Walden Two, Burris e Castle conhecem vários aspectos daquela cultura, suas práticas relativas à economia, governo, educação casamento e lazer. Frazier explica que as práticas são baseadas em princípios comportamentais. Castle aponta problemas e usa argumentos mentalistas que Frazier refuta. Burris vacila. Uma após a outra, as objeções à ideia de uma sociedade em experimentação são levantadas - a maioria por Castle, algumas por Burris - e respondidas.
Cada um dos aspectos de Walden Two é retratado como funcionando melhor que no Estados Unidos, de modo geral. Não há necessidade de dinheiro; as pessoas ganham crédito de trabalho por realizarem terefas úteis - mais crédito por hora em tarefas trabalhosas (como lavar janelas), menos crédito em tarefas agradáveis (como ensinar). O governo é tão sensível às manifestações de seus cidadãos que as eleições ficaram obsoletas. Ensina-se às crianças como se auto-educarem, de forma que necessitam apenas de uma leve orientação dos professores. As pessoas desfrutam de períodos enormes de lazer e os usam de maneira produtiva. O vestuário é variado. As interações sociais são diretas e carinhosas. Acima de tudo, todo mundo está contente. Burris passa eventualmente por um tipo de conversão, deixa Castle em sua viagem de volta à universidade, e retorna a Walden Two para ficar.
Walden Two é um utopia?
Claro, Walden Two parece bom demais pra ser verdade. O Livro tem sido frequentemente classificado como uma obra utópica de Thomas More, Utopia. Várias ficções desse tipo já foram escritas, em geral sobre uma comunidade pequena e isolada, onde a vida é de longe muito melhor do que no mundo que vivemos. Sob um ponto de vista superficial, Walden Two se encaixa nesse modelo.
Skinner, porém, negou que o livro fosse utópico, afirmando de pretendia descrever a ideia básica de uma sociedade experimental (em experimentação). Os detalhes concretos da economia, do governo, da vida social, e assim por diante foram incluídos somente como ilustração. Ao contrario do que ocorre em ficções utópicas típicas, nas quais esses pormenores são o ponto focal do livro, Walden Two vai além dos detalhes e mostra um método - o metódo experimental. Tomar os pormenores como recomendações de Skinner é uma interpretação equivocada do livro. Na verdade, a própria lógica da postura de Skinner, impediria que ele tivesse qualquer ideia definida acerca dos detalhes de Walden Two, porque esses detalhes deveriam evoluir com o tempo de experimentação e de seleção. Quem sabe se o sistema de crédito de trabalho, o sistema de governo por meio de consultas constantes à população ou o autodidatismo fuuncionariam? Em uma sociedade em experimentação, esses aspectos poderiam ser testados, modificados e conversavados ou descartados.
Ao longo dos anos, utópico ganhou significados adicionais como "inviável" ou "inexequível", e a obra Walden Two poderia ser chamada de utópica nesse sentido, Poder-se-ia dizer que experimentar em uma comunidade de mil pessoas é possivel, mas nunca poderia ser feito em um país com 300 milhões de pessoas, ou até mesmo em uma comunidade como Walden Two tivesse sucesso, ela sobreviveria como uma pequena ilha encerrada em si mesma. No livro, Skinner imaginou outras comunidade, semelhantes a Walden Two, brotando pelo país. Estava implícito que eventualmente, se um numero suficientemente grande de pessoas vivessem em tais comunidade, elas comecariam a influenciar o país.
É dificil saber se as suposições de Skinner se mostrarão correstas, pois as tantativas de instalar tais comunidades tiveram pouco sucesso. Uma delas, Twin Oaks, inicida na década de 1960 nos Estados Unidos, sobreviveu até a décadas de 1990; porém notícias recentes indicam que a prática da experimentação foi abandonada. Uma comunidade mexicana, Los Horcones, reteve a prática de experimentação, mas é muito pequena para ter muito influência.
Talvez o crescimento de prática de experimentação cultural não devesse ficar restrita a pequenas comunidade. Poderíamos argumentar que vários governos norte-americanos, emt todos os seus níveis, têm demonstrado uma tendência crescente, desde a crise de 1929, no sentido de realizarem experimentações com praticas culturais. Os jornais frequentemente descrevem projetos-piloto que testem novos modos de lidar com a coleta de lixo urbano, o uso de drogas, a gravidez na adolescência e o desemprego. Práticas empregadas em outras sociedades são taduzidas pa análise e possivel adoção. Um pessimista poderia apontar para o poder de grupos de interesse militantes que se opões à mudança, enquanto um otimista poderia dizer que, apesar de tudo, estamos caminhando leta e pausadamente em uma direção a uma sociedade em experimentação. Skinner provavelmente insistiria que devêssemos agir mais rápida e sistematicamente no trato de nossos problemas (comportamentais), antes que seja tarde demais.

O Prof. João Claudio Todorov fala sobre o Behaviorismo e a Análise do Comportamento

http://www.youtube.com/watch?v=PKe_b1LsU4k

Uma Verdade Inconveniente

http://www.youtube.com/watch?v=vcUhA7hG-Wc

A Historia das Coisas (Dublado)

http://www.youtube.com/watch?v=U8m4aNj0Rjk

Revolução Industrial

http://www.youtube.com/watch?v=tdBDGVI3-9o

O amor doentio de Hollywood por Che Guevara

http://www.youtube.com/watch?v=9nqncTVPc8k

Burrhus Frederic Skinner

Burrhus Frederic Skinner

Entrevista de B. F. Skinner a revista Veja (em 1974)

VEJA – EDITORA ABRIL – nº 316 – 25 DE SETEMBRO DE 1974PÁGINAS 3 a 6.ENTREVISTA: B. F. SKINNERUM PENSAMENTO POLÊMICOPARA ALGUNS, UM CHARLATÃO,E PARA OUTROS,MAIS IMPORTANTE QUE FREUD
Por Hugo Estenssoro
Dificilmente o nome de B. F. Skinner poderá provocar, no leigo, emoções de qualquer espécie. No mundo cientifico, porém, e especialmente no campo da psicologia, Skinner é sinônimo de polêmica virulenta. Polêmica sem amenidades nem deferências, na qual os campos estão brutalmente divididos em preto e branco.Para a maioria dos membros da Associação Psicológica Americana, de acordo com uma enquête feita em 1970, B. F. Skinner tornou-se a figura mais importante das ciências da mente no século XX – relegando Sigmund Freud ao segundo lugar. Fora dos Estados Unidos, todavia, ele é considerado um pseudocientista, capaz até mesmo de poluir a reputação da autentica pesquisa. Seus admiradores e seguidores vêem nele um ousado pensador arquitentando o mundo melhor do amanhã. Seus detratores o acusam de charlatão com suspeitas, e perigosas, feições fascistas.A controvertida carreira de B. F. (Burhus Frederick) Skinner começou obscuramente em 1948, com a publicação de um romance utópico, “Walden Two”(que com o tempo se converteria em livro recomendado nas universidades e mesmo num best seller de 23 edições). E somente cinco anos depois, com “Science and Human Behavior”, ele se elevaria ao posto de principal porta-voz da escola psicológica “behaviorista”, cujo objetivo é “considerar apenas os fatos que podem ser objetivamente observados no comportamento das pessoas em relação com seu meio ambiente”.Sete livros após, já com ampla reputação, instalado na cátedra de psicologia Edgar Pierce da Universidade de Harvard, Skinner escreveria o mais debatido de seus trabalhos: “Beyond Freedom and Dignity”(1972). Desafiadoramente, o titulo propunha justamente o que os críticos de Skinner haviam denunciado como resultado mais nocivo de suas teorias: um mundo (feliz, segundo Skinner, mas de pesadelo, segundo seus críticos) de homens controlados por manipulações psicológicas, “além da liberdade e da dignidade”. Embora aclamada em algumas publicações especializadas, a obra causou incontrolável revolta e uma avalancha de criticas esmagadoras – especialmente em um longo ensaio de Noam Chomski, um dos mais importantes pensadores americanos da atualidade. E Skinner decidiu publicar um novo livro pra se justificar. Sob o discreto título de “About Behaviorism”, ele começa por enunciar as vinte criticas mais freqüentemente feitas a suas idéias – e passa em seguida a refuta-las.É isso que faz, também, em parte na seguinte entrevista realizada em seu despojado escritório em Harvard. Aos 69 anos, Skinner conserva um orgulho sensitivo e nervoso que se reflete visivelmente em seu físico – ao mesmo tempo grande e frágil. Suas respostas têm sempre uma pontinha de impaciência.O homem, eliminadoDo campo das idéias
VEJA – Que fatores o levaram a formular suas teorias psicológicas?
SKINNER – O ponto de partida, acredito, foi a investigação das formas em que o comportamento – ao longo da escala zoológica – é afetado pelo meio ambiente. Minhas pesquisas, nesta direção têm ocupado mais de quarenta anos de minha vida. Passando de meios ambientes simples para outros gradualmente mais complexos, tentei observar como estes fatores afetam o comportamento animal. E, de maneira lenta mas segura, consegui progredir a ponto de explicar que o comportamento animal – tanto o humano quanto o de outras espécies – é totalmente definido pelo código genético das espécies. Isso se prova, naturalmente, através da evolução das espécies ao longo de milhões de anos, e da historia individual de cada membro de uma determinada espécie durante sua vida – a que deve somar-se, ainda, o meio ambiente em que se desenvolveram suas características individuais.
VEJA – Não seria uma visão relativamente tradicional de homem?
SKINNER – Só se considerarmos a questão superficialmente. A concepção tradicional de homem, na maior parte dos sistemas de idéias, é a de que ele mesmo se torna responsável por tudo o que faz. Certos sentimentos que ele exprime, os processos mentais eu o levam ao nível das idéias, e assim por diante. Estes conceitos, porém, têm sido superados pelo pensamento e pela ciência do nosso tempo. A “pessoa” que reside “dentro” do homem tem sido substituída pela história ambiental do individuo. Não mais falamos num ser originador, mas na sua história em relação ao ambiente ou se preferir, o mundo. Isso significa, naturalmente, que o homem como um ser criativo, tem sido eliminado do campo das idéias. Equivale a dizer que a visão tradicional do “homem autônomo”, dono de si mesmo, tem sido rejeitada. Na realidade, a idéia de autonomia do homem não passa de silogismo incorreto: dizer que uma pessoa age como quer agir não é uma verdadeira explicação de seu comportamento. Pois ainda não sabemos por que ela quis agir desta e não daquela maneira. Isso nos leva diretamente a examinar o meio ambiente como causa, como fonte de controle.Divagações sobre a lutaPela liberdade
VEJA – Seria esta, então, a origem de seu conceito pouco ortodoxo sobre a liberdade humana: o meio ambiente como fonte de controle do comportamento?
SKINNER – No caso da liberdade, acredito que a chamada “luta pela liberdade” tem sido, ao longo da nossa historia, a soma dos esforços do homem para escapar das condições adversas do meio ambiente. Isto é, das condições de vida perigosas, punitivas, irritantes, ou, para usar um termo geral, das condições adversas que determinam nossa conduta e nossas decisões. Não gostamos, por exemplo, de estar sujeitos a castigos – justos ou não – e portanto fugimos deles, ou nos comportamos de maneira que possamos evita-lo. E, quando conseguimos faze-lo, acreditamos ser livres e ter tomado a decisão de acordo com nossos desejos mais profundos. Mas o que temos descoberto em nossos estudos é que, quando uma pessoa está fazendo supostamente deseja fazer, na realidade não está fazendo o que quer. E, sim, está sendo forçada a fazê-lo por uma série de condicionamentos específicos. Nas experiências de laboratório feitas por mim, na década de 30, as conclusões eram claras: quando um determinado tipo de comportamento é castigado, as probabilidades de que esse tipo de comportamento se repita não se reduzidas de maneira alguma. Apenas se consegue, simplesmente, dar razoes ao sujeito da experiência para tratar de evitar o castigo não repetindo seus atos. É este o ponto de partida dos conceitos propostos no meu livro “Além da Liberdade e da Dignidade”. Nele eu assinalo que, se continuarmos a castigar nosso semelhantes em nome do conceito de “homem autônomo”, simplesmente estaremos perpetuando o sistema de provocar tipos de comportamento desejáveis através de técnicas punitivas. O problema é que temos medo de procurar soluções diferentes – soluções que implicariam a aceitação de que é o meio ambiente a raiz causal do comportamento e não a moral tradicional.
VEJA – Seus críticos assinalam que seu sistema de controle do comportamento apresenta um grave problema: se é tão efetivo, ou mais, quanto as causas tradicionais do nosso comportamento, há perigo de quem usará esse sistema e para que fins.
SKINNER – A questão, realmente, não é quem poderia usar o sistema. O que devemos perguntar-nos é: sob que condições o homem pode usar e abusar do poder, qualquer que seja a sua origem? Portanto, o objeto de nossa investigação deverá ser o todo da nossa estrutura cultural, pois ela torna possível que o poder, inerente à ciência do comportamento, seja usado desta ou daquela maneira. O meu ideal é um novo tipo de cultura e não um novo tipo de pessoa. O fator essencial está em estabelecer condições estruturais que tornem impossível, para qualquer pessoa, obter um poder absoluto. Tradicionalmente, historicamente, temos nos oposto aos tiranos e déspotas através de um sistema de controle do controle – o que é uma solução aceitável até certo ponto. Afinal, é esta a base da teoria da democracia. O povo controla seus governantes através de seus votos, ao mesmo tempo que os governantes controlam o povo através das leis. O problema, na minha opinião, é que esse sistema cultural pode não ser permanentemente viável, pois não estamos considerando a evolução das estruturas deste sistema e sua capacidade de enfrentar emergências futuras.
VEJA – Poderia nos dar alguns exemplos concretos da “tecnologia do comportamento” proposta pelo senhor para a criação de uma estrutura cultural controlada cientificamente?
SKINNER – O melhor exemplo é, sem duvida, o que podemos tirar do nosso sistema educativo. Normalmente, no esquema tradicional do processo educacional, da escola primaria até o ingresso na universidade, o estudante assiste às aulas só porque não ousa fazer o contrario, ou então é punido. Nossa educação é obrigatória, não damos ao estudante razões positivas para estudar; o resultado é que ele foge da aula sempre que pode. Seu objetivo é sair da escola o mais rapidamente. Mas também parece possível dar aos estudantes razões positivas, e não punitivas, para assistir às aulas. Organizar, por exemplo, um sistema de recompensas de maneira que o estudante deseje ir todos os dias à escola e aproveite sua educação. Este objetivo pode ser obtido de diversas formas. E a primeira, naturalmente, é encontrar os fatores que podem impulsioná-lo a procurar tal satisfação no estudo. Por exemplo, comida especial na hora do lanche. Ou privilégios de outras espécies, capazes de assegurar que o estudante vira a obter todos os benefícios, desde que guarde um comportamento satisfatório tato do ponto de vista pessoal como da comunidade na qual ele vive e viverá.
VEJA – O senhor é conhecido, entre outras coisas, pela sua famosa “maquina de ensinar”. Poderia explicar-nos os seus princípios gerais?
SKINNER – Embora tenha sido eu mesmo quem a batizou assim, o nome “maquina de ensinar” tem causado certa confusão. Por outra parte, se maquinas que cosem ou lavam são chamadas, respectivamente, maquinas de coser e de lavar, não vejo porque não seguir usando o termo. Feita essa observação, entre parênteses, minha “maquina de ensinar” consiste, muito simplesmente, em programar o material didático de maneira que o estudante seja recompensado pelos seus esforços não no fim do curso ou de seus estudos – o que é causa de baixa produtividade –, mas em cada uma das etapas de sua aprendizagem. Isto é, ao aprender uma lição, o aluno não é recompensado pelos seus esforços um mês depois, quando recebe a nota X, mas enquanto está trabalhando na lição. Se um aluno pode ver a resposta de um problema matemático apenas quando terminou de resolvê-lo, ele é estimulado por vários fatores: o triunfo de ter resolvido o problema corretamente ou o descobrimento da resposta correta. Se ele fica esperando a nota do professor, eu pode ter um valor punitivo, ele não tem verdadeiras razoes positivas para se interessas por problemas matemáticos. É fundamental entender que o organismo humano, em relação com o seu comportamento, é reforçado pela sua capacidade de efetividade.Para as crianças, umEstimulo positivo
VEJA – Poderia descrever a metodologia de suas pesquisas?
SKINNER – Bem, eu não faço mais pesquisas pessoalmente. Limito-me a usar o material produzido por gente mais jovem. Acho que já dei minha contribuição e estou em idade de tirar conclusões. De qualquer modo, uma experiência típica, das usadas no meu trabalho, pode ser descrita como um espaço determinado, sob completo controle do laboratorista. Este espaço contém fontes de estímulo que podem ser aplicadas ou retiradas: correntes elétricas, temperaturas variáveis, sistemas de alimentação, e assim por diante. Naturalmente, há também instrumentos para registrar as modalidades de comportamento. E, por fim, temos o que se chama “operandum”. Isto é, algo que o sujeito da experiência possa operar: uma chave, uma alavanca, ou outra coisa apropriada. O equipamento – num laboratório moderno – é altamente desenvolvido. Em termos gerais, nosso interesse fundamental está em saber a freqüência com que um organismo efetua este ou aquele ato, e assim medir a probabilidade de um determinado tipo de comportamento acontecer. A um nível superior, em pesquisas feitas com crianças (num programa em que as ensinamos a ler), elas, por exemplo, escutam uma gravação com determinadas instruções. Na página aberta de seu livro, suponhamos, poderia haver o desenho de um rato e, ao lado, duas palavras: “rato” e “mato”, unidas ao desenho com duas linhas A crianças deve marcar uma das linhas com uma caneta especial e, se a anotação for correta – aquela que leva a palavra rato -, a linha ganhará uma cor especial. Isto serve como um “reforço” imediato ao desejo de aprender da criança. O que nos leva, outra vez, ao sistema de “educação programada” desenvolvido por mim, do qual falamos anteriormente: o estudante sabe imediatamente se está certo ou não, o que cria um estimulo positivo.Os perigos do sistemaPunitivo
VEJA – Mas sistemas “punitivos” em prática não são igualmente efetivos? Afinal, os produtos do sistema educacional britânico vêm, invariavelmente, desses sistemas – e têm, uma média respeitável de capacidade profissional e intelectual.
SKINNER – Em certa medida são efetivos, sem dúvida alguma. O problema não é sua eficiência, mas o fato de que, ao lado de sua eficácia, esses sistemas proporcionam também efeitos indesejáveis. Por exemplo, quando alguém consegue se revoltar contra eles, não é sem trauma: e daí surgem os atos de violência, o crime, a apatia social. E isso pode ser visto em todo lugar entre os estudantes de hoje. Escapam da escola sempre que podem fazê-lo, atacam seus professores ou vandalizam a sala de aula – ou simplesmente tornam-se apáticos e não fazem nada. Só reagem a motivações negativas, como evitar um castigo. Não acredito que esta seja a melhor maneira de fazer as coisas. Se usarmos, ao contrario, “reforços positivos”, além de proporcionar educação – radicalmente oposta. O estudante passa a gostar de seus estudos.
VEJA – Ao contrário das condições de laboratório, o meio ambiente do nosso dia-a-dia é infinitamente complexo. Há alguma possibilidade de controlá-lo efetivamente?
SKINNER – Ocorre que nosso meio ambiente, em boa medida, já está controlado por muitos fatores, todos eles muito efetivos, mesmo se nem sempre o percebemos. Mas vamos para os exemplos: o meio ambiente industrial e comercial é controlado pelo sistema de incentivos – salários, negociações entre os empregados e empregadores, promoções. A mesma coisa na escola, com o sistema de diplomas, o uso da disciplina e outros métodos. A família, ao mesmo tempo, controla o meio ambiente íntimo da criança. Tais controles, naturalmente, não servem sempre para nossos propósitos. Mas é importante reconhecer que eles existem. Só assim podemos modificá-los de acordo com nossas necessidades e para nosso beneficio.
VEJA – Mas todos esses controles são independentes e, na maioria dos casos, conflitivos. Será possível chegar a coordená-los no meio de sua infinita complexidade?
SKINNER – É possível, sim, até certo ponto. Por exemplo, não é possível que os pais de uma criança comum sejam capazes de estabelecer condições de precisão absoluta – como num laboratório. Mas podemos lhes fornecer suficientes informações e conselhos para que consigam certos controles-chaves capazes de fazê-los dirigir sua criança a um comportamento ideal. O controle de um meio ambiente, com o propósito de provocar determinado comportamento, não precisa ser exato como o mecanismo de um relógio. Podemos obter resultados satisfatórios com ajustes de caráter apenas geral. Justamente, um dos grandes – e mais comuns – mal-entendidos a respeito de minhas idéias é o de que eu estou sugerindo o estabelecimento de controles de comportamento. Ora, nada menos certo: eu estou apenas advogando por uma racionalização e planejamento dos controles existentes, de acordo com a ciência do comportamento que estamos tentando desenvolver. Não que eu queira abolir a liberdade – no conceito humanista da palavra. Limito-me a assinalar que, na realidade, essa liberdade é ilusória, e essa ilusão tem conseqüências muito graves: não nos permite controlar os elementos que nos controlam.
VEJA – Um dos aspectos mais perturbadores de suas idéias é o papel do artista e do criador numa sociedade de comportamento controlado. Será possível produzir arte – ou arte original – nas condições impostas por uma sociedade deste tipo?
SKINNER – Certamente que sim. Você me faz essa pergunta em função do mal-entendido de que falei anteriormente: nossa sociedade atual não está livre de controles. Simplesmente não tem o tipo de controles – cientificamente organizados – que nos permitiriam uma sociedade melhor. Ora, se nossos artistas podem produzir obras de arte sob influência dos controles existentes, que não são os melhores possíveis, por que não poderão produzir grande arte sob controles de outro tipo, melhores?Um povo à beiraDa fome
VEJA – Algumas pessoas citam sistemas comunistas como exemplos de sociedades de “comportamento controlado”. Qual a sua opinião a respeito?
SKINNER – Os comunistas, pelo menos aqueles países que hoje são nominalmente comunistas, não praticam o que pregam. Mesmo assim, teoricamente, são sociedades de comportamento controlado. Mas, como eu disse referindo-me a outro tipo, oposto, de sociedade, a capitalista, a existência de controles não significa grande coisa. Todas as sociedades têm controles: a questão consiste, repito, em usar esses controles em nosso beneficio. Os controles das sociedades comunistas diferem dos controles dos países capitalistas só na direção oposta. Mas encontram-se no mesmo nível, em termos da ciência do comportamento, que os controles capitalistas. Há só uma diferença importante, e no plano teórico. Se um país como a União Soviética chegasse a realizar suas promessas mais idealísticas, haveria uma catástrofe. Kruschev prometeu ao povo soviético casa, comida e roupas gratuitas para 1980. Se isso jamais chegar a converter-se em realidade, os soviéticos não terão qualquer incentivo para trabalhar. Será o pólo oposto do caso da sociedade inglesa na época do próprio Karl Marx. Acreditava-se então que, para que o povo trabalhasse efetivamente, levando a produção ao Máximo, era necessário mantê-lo constantemente a beira da fome. Talvez essa situação extrema de controle negativo tenha influenciado Marx em sua concepção de um sistema sem incentivos imediatos (porque trabalhar “para o bem comum” não é um incentivo suficiente).
Postado por Ítalo Sobrinho

Skinner Condicionamento operante em pombos

http://www.youtube.com/watch?v=PT6qEaVIII4

Bandeira

Macunaíma

http://www.youtube.com/watch?v=SmhLlAGr8jc

Sérgio Buarque de Holanda

http://www.youtube.com/watch?v=W87JUujtrKU

Raizes do Brasil 1

http://www.youtube.com/watch?v=L5i6bTR5imE

Raizes do Brasil 2

http://www.youtube.com/watch?v=VlCtlKhVGEo

Raizes do Brasil 3

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Olhos Azuis

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Olhos Azuis parte 2

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Olhos Azuis Parte 3

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Modos de Sentir